Um dia o Coração convidou o seu melhor amigo, o Desejo, e saíram à noite para encontrar o Olhar. Este já estava a conversar com o Perigo. O Coração e o Desejo se juntaram à dupla e falavam sobre um companheiro que há muito não encontravam, o Acaso.
O Encanto apareceu, sentou à mesa, e trouxe consigo a Paixão. Nunca haviam conhecido tamanha beleza. Maldisseram o Passado que um dia apresentou a Desilusão, que em nada se comparava à Paixão. O Presente tentou acalmar a rivalidade que se instalou entre o Coração e o Desejo. O Futuro ligou para a Prudência, mas ocupada, mandou a Confusão em seu lugar.
Não teve remédio. A Paixão agradeceu o Encanto, abençoou o Desejo, mas escolheu o Coração. Juntos, encantaram-se, desejaram-se. A Paixão tratou logo de apresentar seu favorito a melhor amiga, Poesia . E ao cair das noites, eles comungaram palavras, sensações, promessas.
Mas não sabiam o Coração e a Paixão que a Vida reservava uma surpresa. Das noites com a Felicidade, conceberam o Amor. Nascido, foi batizado pela Alegria e pelo velho amigo, o Desejo. A Poesia enciumou-se e, com o tempo, afastou-se do casal. O Futuro já não ligava mais, havia viajado com a Ilusão.
O Olhar também os abandonou. Havia se casado com a Tristeza, que tinha medo da paixão e desejava, secretamente, ser do Coração. Caprichoso e já maduro, o Amor exigia a Atenção, mas o preço era muito alto. A Alegria ainda apresentou a Paciência, experiente, para tentar resgatar a família, que agora só tinha olhos para o Cansaço.
Exaustos, todos foram se perdendo. A Paixão deu um grito de independência e foi morar com a Mudança. O Amor, abalado, pediu abrigo à Desilusão, que com o Passado o adotou. E o Coração, descrente, foi se consultar com o Tempo, que o apresentou à Solidão.
Kadydja Albuquerque > 10 de setembro de 2008
Saturday, February 21, 2009
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