Friday, February 27, 2009

Brinquedinho novo



Sabe quando você ganha um presente e fica toda boba? Eu ando assim. Meu pai, por livre e espontânea vontade, resolveu me dar uma câmera fotográfica de presente. Talvez não tão livre e espontânea assim, mas com um peso de culpa por ter quebrado a minha rósea cybershot em um dos nossos jantares na capital baiana.

Enfim, demorou um pouco, mas ele se redimiu com um presente e tanto: uma Nikon D-60. Trocando em miúdos: um brinquedinho de alta qualidade e que anda preenchendo os meus vazios momentâneos neste carnaval. É, eu não sou muito da folia de Momo e venho de uma maratona de festas de verão que me trouxeram como herança a preguiça. Até que pretendo foliar uns dias, mas ando tranqüila. Com meus gatos, com minha Nikon, com meus DVDs.

Como ainda não tive a oportunidade de inaugurá-la na rua, ando fotografando meus modelos preferidos: os meus felinos Nina, Soneca e Beto. Eles não cobram cachê e me facilitam muito o trabalho com essas carinhas que nunca saem feias na foto. Adoro as poses sempre intencionais (sim, os gatos adoram posar para fotos e fazem isso com a mesma destreza de uma piriguete na balada).

Já postei algumas no meu profile do Orkut, e ando um tanto preocupada com a minha imagem perante meus amigos. Moro sozinha e tenho 3 gatos. Se eu tivesse mais 20 anos era sinônimo de derrota. Como ainda tenho meus 28 aninhos, sou sinônimo de quê? Deixa pra lá... é melhor nem perguntar.

Voltando ao brinquedinho... estou empolgada, mas ainda não tive coragem de começar a ler o manual. Quero fazer uma aulas de fotografia, mas também não tenho pressa. O que mais importa é o olhar, não é mesmo? Esse eu treino todo dia e nem preciso de uma objetiva. Venho de um passado de repórter, daquelas que gostam de observar tipos, cenas, estórias. E confesso que ando com vontade de voltar a escrever reportagens. Não por ofício, mas por hobby. Fico lembrando das minhas épocas de campo, do seu Lourival e de tantos outros seus e donas que eu conheci com um gravador na mão.

Um dia ainda vou escrever sobre seu Lourival, o meu entrevistado mais marcante. A universidade está longe de nos ensinar o que essas pessoas nos fazem descobrir a cada pergunta. E ele me ensinou muita coisa com poucas palavras e um olhar que me fez perceber o quão pequenos somos nós – o lado de cá que vive com a barriga cheia. Um senhor de 74 anos, ativo, provedor de uma família grande que vive com ele em um barraco no Canela, foi uma das pessoas que mais me marcaram até hoje. “Tenho fome, mas sou feliz. Por quê? Porque Deus existe e ele me prova isso todos os dias”. Nunca esquecerei essa frase que, acompanhada com o olhar de serenidade, fez essa aqui desarmar (ou seria desabar?). Foi a primeira e única vez que não consegui segurar o choro diante de um entrevistado.

Se eu tivesse com minha Nikon no momento, seu Lourival estaria na minha melhor foto, no meu papel de parede do computador, e possivelmente em um quadro na minha sala. Mas não faz mal, ele vai ficar registrado pra sempre em minha memória. Essa que depois um dia eu escrevo sobre como ela me assusta com sua capacidade de registrar e resgatar tantas coisas.

A foto que ilustra este post foi tirada hoje pela manhã. É Soneca, meu gato-cachorro-peixe que vale um texto só para ele. Meu grande presente, meu fiel companheiro, o provocador das minhas melhores risadas, e que agora está aqui ao meu lado tentando sentar no teclado deste laptop. Fico por aqui.

Bom carnaval!

Postado em 21/02/2009

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