Friday, February 27, 2009

Aracaju, meu porto seguro




[Lagos da Orla de Atalaia]

Já escrevi alguns textos sobre a minha cidade natal, mas devem ter se perdido no ciberespaço ou nos HD’s dos meus computadores falecidos. Cheguei agora em casa de um programa fantástico com minhas duas grandes amigas, Elô e Carol, e fiquei pensando como é bom estar de volta a esta cidade. Como é surreal poder viver a liberdade de ser mulher, amiga, companheira de pessoas tão iluminadas. Noite boa de gargalhadas regadas a duas garrafas de malbec (hein Carol? kkkkkkkk)

Sim, voltei há quatro anos, mas isso não me impede de demonstrar como é bom ser feliz aqui. Colecionei andanças e maldisse algumas vezes desta cidade como se eu tivesse força para controlar o bonde do destino. Como se eu fosse me encontrar em outros sotaques. Bonde este que me trouxe de volta e me mostrou que o universo nos guia com uma coleira no pescoço.

Hoje me vejo aqui como parte deste lugar. E minha lida carrega a missão de ajudar a transformar o meu mundo e o mundo das pessoas que aqui vivem. Aracaju é meu porto seguro, minha cidade primeira, minhas ruas e avenidas que sinalizam o caminho, sempre belo. Nada mais me incomoda nesta cidade, e quando canso dela é porque canso de mim. E assim, vou acreditando que fugir de Aracaju é a solução. Acontece que não sei eu que, caso fuja, levarei meu corpo – a grande prisão das minhas angústias.

Esta cidade me mostrou que não conseguimos ser felizes sem amigos. Risadas, choros, churrias – sempre são mais seguros no colo de quem você pode contar sempre. E eu estou redescobrindo isso agora. Estou refazendo a minha relação de amor com Aracaju. A cidade se mostra mais bela (como o meu percurso) para mim, como que tentando me seduzir novamente. “Veja querida, que eu sou o seu berço, e tenho muito mais para te oferecer!”.

Nunca tive medo de seguir sozinha por cidades, mas em Aracaju, seguir sozinha de vez em quando é a experiência do reencontro, de voltar em estradas onde aprendi a andar. É ter a rotina em sua mão e descobrir que ela pode se desrotinar sem que precise de grandes esforços.

Voltei e voltarei quantas vezes for preciso. Carrego comigo a certeza de que estou, hoje, no lugar certo e com as pessoas mais fantásticas que meu coração poderia suportar. Sou eu, livre na cidade que me ensinou tanto e que hoje, portanto, me fez acalmar a alma nômade. Com sotaque sergipano, os ventos de Aracaju me dizem que é para seguir em frente, e sempre crente de que aqui é meu lugar. E que desencontros vão sempre existir, mas que só eu posso escolher o meu retorno. E eu escolho retornar com gargalhadas e malbecs.

Kadydja Albuquerque > postado em 17/09/2008

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