Friday, February 27, 2009

Face it, she's madonna!



[Priscila, eu, Rod e Milena na frente do Maraca... a chuva ainda tava leve ...]

Eu nunca fui fã da Madonna. Não daquelas fãs que compram CDs, acompanham as notícias sobre sua carreira e sua vida, e sabem todas as músicas. Sou daquelas fãs contidas, que admiram a Madonna por ser leonina, guerreira e ter conquistado o posto de maior diva de todos os tempos. Não tenho um único CD, apenas o DVD de Confessions Tour que eu copiei de Rod, esse sim fã genuíno da moça.

Minha lembrança mais antiga de contato com a música dela remete a 1992, quando eu e minhas primas ouvíamos uma fita cassete com sucessos como Like a Prayer, deitadas em um colchão na mala do carro de meu tio numa viagem eterna para Recife. Foi essa fase de Madonna que mais me impressionou, mesmo que eu ainda não entendesse uma linha do que ela cantava.

E embora eu não tenha inserido uma música sequer da diva na trilha sonora da minha vida, lá estava eu sábado indo ao Rio de Janeiro para assistir o primeiro show da turnê Sticky & Sweet Tour no Brasil. A famosa "pilha podre" funcionou comigo e eu me rendi à experiência. Pensei: "não pode ser ruim, afinal Madonna é Madonna". Acertei. Hoje, de volta a Aracaju e já recomposta, repito com a certeza de quem comprovou o poder dessa leonina: "Madonna é Madonna, mesmo!".

Chegamos ao Maracanã três horas e meia antes do show. Achei que estávamos exagerando, afinal será que ia ter tanta gente assim esperando pela abertura dos portões¿ Sim, tinha, e ainda na chuva. A fila para a arquibancada dava meia volta no Maraca e foi difícil achar o final. Compramos logo capas de chuva pra não estragar a produção. A massa virou uma multidão plastificada de fãs e curiosos que aguardavam na fila o momento de entrar e dar de cara com o imenso palco.

A sensação de entrar no Maracanã depois de 2 horas de espera foi surreal. Ainda estava claro e lá da arquibancada deu para ver toda a mega estrutura da turnê. Melhor ainda foi entrar ao som do Paul Oakenfold, um DJ londrino que acompanho desde a minha época de desempregada no Rio de Janeiro. A notícia de que seria aplicada a lei seca durante o show fez a multidão beber tudo que podia antes de entrar no Maraca. Então, tire por aí o estado da galera quando chegou no local. O melhor foi descobri que não havia lei seca coisa alguma. Se você tivesse coragem de dar R$ 6 em uma lata de Skoll, poderia beber à vontade.

Nada mais justo diante de um cenário um tanto desanimador para um ser humano que tivesse de esperar três horas e meia por um show na chuva. Ou bebe ou surta. O preço era meio indigesto, mas diante do pacote de Ruffles por R$ 7 e do cachorro quente por R$ 9, a Skoll era o artigo mais atraente do evento. Enfim, se estamos aqui, vamos pagar, beber e esquecer.

Da arquibancada tínhamos a melhor visão panorâmica do show, e foi isso que me fez sair de lá impressionada. O show começou meia hora depois do marcado (nada mal para padrões brasileiros) e a chuva aumentou mais ainda quando a diva gritou: "Hello Rio de Janeiro!". Ok, talvez o frio tenha contribuído, mas nessa hora eu me arrepiei. Eu estava no Maracanã, vendo o show da Madonna, que retornava ao Brasil depois de 14 anos. Olhei pro céu e agradeci.

Ela estava super bem-humorada, mesmo com a queda em "She's not me". Acho que a chuva contribuiu para que Madonna interagisse mais com o público. Os fãs iam ao delírio. Eu saí de Aracaju ansiosa para ouvi-la cantar Borderline e Human Nature, mas confesso que prestei mais atenção no moço que estava ao meu lado. Na hora que ela começou a cantar Borderline, ele desatou a chorar. E pronto, eu me desconcentrei, não conseguia mais ouvir a música e só pensava em como aquele momento representava a realização de um sonho para muita gente que estava ali.

E fiquei com inveja dessas pessoas porque nunca realizei um sonho de ver um artista que eu amasse tanto a ponto de chorar descontroladamente. Ok, o Amarante não conta, tá.... Voltando ao show, o segundo momento que mais me impressionou foi quando ela cantou Like a prayer, aí até eu quis chorar com aquele mundo de gente batendo palmas e cantando o refrão. Lembrei da fita cassete, da mala do carro do meu tio, da minha pré-adolescência, e deu uma saudade. Acho que a Skoll de ouro estava fazendo efeito. E se eu chorasse também nem ia ficar envergonhada tanto assim. Ninguém ia saber se era lágrima ou só o rosto molhado da chuva, que não parou de cair um só instante.

Enfim, Madonna dá um show de performance. Se a chuva deixasse, a multidão ficaria boquiaberta com a qualidade do som, das imagens do telão, o profissionalismo da sua equipe. Quem perdeu, bem, pode conferir no DVD. Eu provavelmente comprarei esse para guardar de recordação desta experiência. Continuo sendo fã contida de Madonna, mas não perco mais um show no Brasil, nem que ela só volte com um banquinho e um violão. Sticky & Sweet valeu cada centavo, ou melhor, cada pingo.

*Quando eu conseguir baixar fotos e vídeos, vou postar um do show...

Publicado em 17/12/2008 em http://alkady.zip.net

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