Saturday, February 21, 2009

Constelação

Mais uma do meu poeta tardio preferido. Explicar piada pode tirar a sua graça, mas como não se trata de nada jocoso, explico: este é um poema que meu pai escreveu para seus amores. O primeiro verso sou eu; o segundo, meu irmão Victor; o terceiro, minha irmã Ingrid; e o quarto, minha mãe, sua amada lua.

Constelação


Chegastes disputando o brilho do sol, como a estrela da manhã,
Trazendo no nome um sonho adolescente da criança que te gerou.
Te olho, espelho, e me vejo muito além do que sou,
Enquanto iluminas meu orgulho e atrais amigos como um imã.


Também chegastes para brilhar, como tua estrela irmã.
Com o ímpeto de Antares e com o seu intenso brilho,
Tens o coração do escorpião e a força de Aldebarã.
Mirando-me te admiro e me vejo em ti, meu filho.


Viestes enfim, pequenina estrela da minha alma,
E, intrometidamente, me roubastes a calma,
Inundando minha vida com uma luz que é só tua.


Três amores repartindo, irreversivelmente, meu coração.
Presentes da minha amada lua,
Que além da vida inteira dedicou-me uma constelação.

Alfredo Borba

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