Wednesday, October 21, 2009

U2, eu, você e as redes sociais



Eu nunca fui tão fã do U2, mas estou pensando em reconsiderar esse meu estranhamento quase sem motivo depois que fiquei sabendo que a banda vai transmitir o último concerto da sua turnê 360º via Youtube neste domingo, 25. É uma iniciativa inédita no showbusiness e demonstra, cada vez mais, que a aproximação com os fãs ou um público potencial através das redes sociais não é apenas um artifício da cena independente.

Sim, porque os ambientes 2.0 cresceram frente à uma demanda de liberdade de expressão e de criação de espaços para publicar uma produção que não encontrava vazão em uma indústria cultural fechada. Agora essa indústria cultural percebe a força das redes sociais e se apropria dela, seja para descobrir novos nomes, seja para promover artistas consolidados. Hoje em dia isso é mais visível no campo da música, mas é preciso que outras linguagens também se desenvolvam através das redes e saiam do gueto virtual, que acaba refletindo o gueto físico, como é o caso da literatura.

Eu sou uma entusiasta das redes sociais. Uso diariamente, tenho perfis em todos os sites, e acho bobagem essa história de que a pessoa precisa dosar a sua participação em ambientes 2.0. O ser humano sempre procurou espaços para se expressar, mesmo antes de existir os blogs, pioneiros no surgimento dos "prossumidores" (produtores e consumidores), e mais recentemente o Orkut, Twitter, My Space, Facebook, e lá vai...

Sou a favor de que é preciso se expressar. Seja pra falar do seu dia, do seu animal de estimação ou ainda tentar dizer coisas inteligentes ou divulgar o que anda produzindo. A internet é um ambiente de consumo ativo. Eu leio, ouço e assisto o que eu quero, e assim acontece com todos os internautas. Desligue a TV e ligue o computador. Tenha a liberdade de escolha sobre o que acessar e o que escrever.

Com as redes sociais, a globalização transcende o viés puramente econômico de consumo e relações internacionais, e se consolida enquanto apropriação cultural. Mas o fenômeno não é tão simples assim. Mesmo em contato com o mundo através da internet, continuamos, e isso é cada vez mais forte, com a necessidade de pertencer a grupos. É a tribalização do global, é o "glocal". É legítimo.

E como toda ferramenta, é apenas o meio. O que me fascina é que as pessoas têm tanto a dizer, a mostrar, a consumir, e a Internet é o grande palco. Claro que grande parte dos internautas reproduz um perfil de navegação que acaba sendo condicionado, mas isso é fruto de uma característica inerente aos seres humanos de se deter ao que é popular, de não perder muito tempo com o desconhecido. Ainda assim, estar conectado é essencial. Estar conectado é viver as potencialidades que o ciberespaço te dá. É o tal do atual sempre à espreita.

E eu sou um produto disso. Sou uma imigrante digital e encontrei espaço para expressar o que sai de mim, e conhecer muito mais do que me oferecem as estantes das livrarias, os canais da TV a cabo ou ainda as emissoras de rádio ou lojas de CD. E como eu, tantos outros saíram da condição de consumidores passivos. E além de nós, tantos outros podem e devem ter acesso à Internet quando a inclusão digital for mais do que cursos de informática e telecentros. Eu acredito nesse momento e o Bono Vox bem que podia abraçar a causa.

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