Sunday, May 17, 2009

O mundo e seus moinhos



O mundo é de fato um moinho. Em algumas horas, mói a carne, a alma, os sonhos. Em outras, é moinho de ventos... carregando o que há de velho e anunciando mudanças. Esses ventos que varrem um céu que nunca é o mesmo, ainda que espelhe o mesmo azul de ontem. O azul de hoje é mais vivo, mais sereno, mais nítido. Ofusca menos, encanta mais.

Reza a lenda que Cartola fez essa música para sua filha quando descobriu que ela estava se prostituindo. E por que às vezes nos cabe tanto esta letra? Porque nos prostituímos diariamente quando vendemos nossos sonhos, desejos e sentimentos. Quando entregamos o que há de mais autêntico a mão dos outros. Não falo apenas em amor, mas em tudo. Da ambição de ser reconhecido profissionalmente a construção de castelos com um princípe encantado que faz serenata em sua janela. Não adianta. Confiamos aos outros a capacidade de tornar reais os nossos contos de fadas.

E assim, a música se encaixa na alma. Ou desencaixa quando acordamos. A medida que não nos serve mais, o moinho de carne e sonhos transforma-se em moinho de ventos. As ilusões e o cinismo dão lugar ao livre-arbítrio de fazer valer o que se quer. E já não faz mais sentido muita coisa que antes atormentava. O presente nos anuncia um rumo e o futuro desanima o abismo, contrário ao sentido dos ventos.

Como quem avança em outra faixa de Cartola, o moinho do mundo dá lugar ao sol que sempre nascerá. "A sorrir, eu pretendo levar a vida..." ;-)

Boa semana a todos!

1 comment:

Rodrigo Rocha said...

Ai, sãp! Se a filha de Cartola virou puta e o mundo é um moinho, podemos inferir que Yansã é culpada?