Monday, May 4, 2009

5 anos



5 de maio de 2004. Este foi o dia que eu desembarquei em Aracaju, vindo do Rio de Janeiro, com uma bagagem maior do que minhas roupas, sapatos e alguns livros e DVDs. Trazia comigo o desafio de deixar pra trás muitas coisas e o frio na barriga de encarar a minha cidade depois de insistir que nunca mais voltaria. Rodrigo me esperava no aeroporto porque ele foi parcialmente responsável pela minha volta. “Às vezes precisamos dar dois passos pra trás para avançar um. Venha simbora”. E eu vim porque muita coisa que eu vivia lá já não fazia sentido. E eu sempre tive uma coragem tardia para encarar o novo, ainda que este não fosse tão novo assim.

Do aeroporto, fomos encontrar Elô, nosso saudoso Rafael, Rô e outros amigos dos quais não consigo me recordar no momento. Senti-me reintegrada, feliz por estar de volta e por de fato poder começar minha carreira pós-formatura no Brasil. Sim, porque até então eu só havia atuado como jornalista profissional em Lisboa. No Rio, um aprendizado: nunca coloque na gaveta o seu diploma, muito menos quando a decisão é vender roupas para madames esnobes da Barra da Tijuca. Nunca mais, enquanto Deus me permitir.

Por acaso eu me lembrei dos 5 anos. No Youtube, achei um vídeo da banda portuguesa Silence 4 (acima), a qual ouvia muito quando morava em Lisboa. Canções e perfumes são conectores severos da nossa mente com o passado. De Lisboa, meu cérebro hipertextual migrou para o Rio, do Rio para cá. E assim me recordei.

É meio estranho esse troço porque o mundo, rapidamente, gira no sentido anti-horário, e passa um filme em sua cabeça. É inevitável não fazer uma avaliação desse filme ao final. E é muito bom quando percebemos que o resultado é feliz, ainda que tenha sido conquistado a duras penas. Hoje, com toda a minha certeza vacilante, digo que eu amadureci nesta cidade como eu nunca imaginei amadurecer no Rio, em Lisboa ou em Salvador. E o mais legal é perceber que eu não cresci sozinha. Todas as pessoas que apoiaram a minha volta são, hoje, melhores.

Quero tentar não ser piegas e agradecer aos meus grandes amigos nessa cidade. A Elô por ter sido minha anfitriã, a pessoa que acreditou e ainda acredita em mim, que me deu casa e colo nos momentos em que eu fraquejei diante da minha decisão. A Rod por ser meu companheiro em TODOS os dias nestes cinco anos. A Nanda por ser uma prova em minha vida de que é possível, sim, ter uma amizade sólida baseada no respeito, no carinho e na admiração mútua. Essas três pessoas, quero agradecer em especial. Reconheço que tantas outras me fizeram e me fazem bem, mal, mais ou menos querida. Cada uma, com seu mel ou fel, contribuiu para me tornar o que sou hoje. Pouco ainda diante do que posso ser.

Mas sou muito feliz com o resultado dessa grande escola que é a vida. Sou muito feliz, mais ainda, por constatar que no caminho dos se’s, fiz as escolhas corretas e todas em seu tempo. Mesmo aquelas que me foram impostas são preciosas em meu caminho. O que é preciso nisso tudo é compreender. É aceitar a dinamicidade das coisas como destino natural de tudo que há nesse mundo: a evolução. Para uns, mais dolorosa, menos permissiva, mas sempre possível. E é nessa possibilidade que traduzo os meus cinco anos em Aracaju. Eu me permito viver, durar quando necessário, recuar, avançar, desistir, insistir, sonhar, mas sobretudo, acreditar na força que tem abrir o peito pra vida e agüentar o que vier de encontro.

K.

3 comments:

Anonymous said...

"Canções e perfumes são conectores severos da nossa mente com o passado" adorei isso e as palavras que usou para afirmar. concordo muuuito.um beijo suave. Deb

Michel Oliveira said...

Coragem de mudar quantos a tem? Que podemos fazer com os idiotas imutáveis que empatam nosso caminho? Mude sempre, mas continue sendo a mesma, eis um dos segredos.

Unknown said...

5 Anos, parece que faz mais tempo!!!
Me lembro como se fosse ontem quando te deixei na casa da Sari...ainda não consigo falar nisso me vem sempre um nó na garganta e uma dor no coração....pode crer foi um dos momentos mais complicados da minha vida.
Hoje te vejo minha filha e sei que por mais dificel que tenha sido, vc se superou e se tornou essa pessoa linda cheia de amigos verdadeiros nessa cidade tão linda e meiga, pois Aracaju é sempre pra mim como uma mãe, acochegante e segura.
Vc é o que é e pronto.Minha Nana!!!
Beijo.