A vida acontece em ciclos e é inútil tentar acelerá-los. Tão inútil quanto é achar que podemos postergá-los mais um pouco. As coisas te invadem no tempo certo. Aceitar isso é o primeiro passo para a felicidade. Hoje, um ciclo na minha vida de fato se completa. Não foi esperado, trabalhado, procurado. Aconteceu. E é assim que o universo trabalha. Basta receber o que a vida te traz e tirar o melhor proveito disso.
Há um misto de felicidade e de tristeza. Estou feliz por seguir em uma nova vida, com novos desafios, algo que sempre me fascinou. A sensação é de libertação que chega, invariavelmente, com toda mudança. E nesse momento, ter coragem é essencial. Isso nunca me faltou, graças a Deus. Quando ela capenga, eu tenho minhas formas de trazê-la de volta. Enfim, é inevitável sentir o frio na barriga, a brisa de um novo tempo, a sede de mergulhar de cabeça nesse novo projeto. Agora farei parte de uma equipe que tem a mudança como companheira de vida, e que entra em um projeto para torná-lo bem sucedido. Vai ser muito bom poder trabalhar com essas pessoas.
A tristeza aparece porque é impossível maldizer o passado. Durante dois anos e meio, fui apaixonada pelo meu trabalho. E ainda sou. Sou uma profissional de comunicação, está no meu instinto, é o que melhor flui em mim. Nesse tempo que passei na Secom, fortaleci grandes amizades, construi outras, e vi uma semente ser plantada com zelo e profissionalismo. Ir embora é essencial pra mim, pra minha nova vida, para o que eu quero construir em todas as áreas do meu caminho, mas levo a saudade. Eu me recuso a esquecer todas as conquistas, todos os sonhos e projetos não realizados. Vou levá-los comigo como um troféu, símbolo da vitória de toda essa equipe maravilhosa.
À vida, querida... que ela é bela e plena, sempre.
Friday, May 29, 2009
Tuesday, May 26, 2009
Travessia
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que ja têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos". (Fernando Pessoa)
Foto: pelo céu desse meu Brasil... by me.
Sunday, May 24, 2009
Playing for Change
Tô encantada com esse projeto - Playing for Change: Songs around the world. Bem, que eu gosto de música não é novidade, mas vendo os vídeos, fico pensando sobre a diversidade que existe nesse mundo. Diversidade e riqueza culturais ao mesmo tempo. Músicos tão diferentes, em lugares "igualmente diferentes", mas que se unem em uma mesma canção, e pra passar uma mesma mensagem.
Cada cena traz o mesmo sentimento: o amor pela música. Não me surpreende saber que esse documentário ganhou prêmios. O objetivo é espalhar paz pelo mundo através da música. Enfim, eu estou encantada e já aderi ao movimento (http://playingforchange.com/participate).
É muito bom descobrir coisas legais assim... é quando a gente tem certeza que é preciso sempre colocar muito amor naquilo que se faz. Muito amor na relação com as pessoas, sobretudo. Tem muita gente que ainda prefere ruminar ódio, inveja, intriga. Isso é tão over. Cultivem o amor, o sorriso, a memória das coisas boas que passaram por sua vida e a imaginação do que ainda virá.
Funciona. ;-)
Boa semana!
Outros vídeos em: http://www.youtube.com/user/PlayingForChange
Friday, May 22, 2009
To my nigga!
Fernanda é, no mínimo, um exagero da natureza. Olhos grandes, sorriso largo, nada disso é tão imponente quanto a sua capacidade de teorizar sobre a vida e de sentenciar o próprio futuro. É o que faz dessa minha grande amiga uma das pessoas mais engraçadas que conheço.
Melhor adjetivo: espirituosa. Uma boa conselheira para conselhos que ela mesma nunca segue. Uma amiga daquelas que topa sacrificar o seu sábado à noite quando você facilmente a convence de que não há muita coisa interessante nas baladas de Aracaju. E aí, o que era pra ser uma noite de jogação, vira um encontro de amigas para conversar sobre a vida.
Eu não cresci gostando dela. Pelo contrário, ela já foi uma daquelas moças de Aracaju que me faziam torcer o nariz na época em que eu ainda perdia meu tempo com isso. Mas resolvi me abrir para conhecer essa moça e ela entrou no setor de melhores amigas do meu coração.
Nanda, P.A do coração, negona, negróide, preta do TJ, flor do ébano, pérola negra, my nigga... eu não estou em Aracas para comemorar seu B-day, mas você sabe que à distância eu celebrarei o seu dia. Desejo pra você tudo que eu desejo pra mim mesma, e que você sabe bem o que é, de tanto que a gente conversa sobre as coisas boas da vida, jogando no vento aquilo que acontecerá inevitavelmente. :-P
Ofereço-lhe todos os votos óbvios de aniversário e mais um pouco. Somos irmãs, companheiras, BBF's, e mulheres encantadas com a vida e com a possibilidade de pleitear sempre as garantias constitucionais básicas do contraditório e da ampla defesa. Obrigada por me atualizar com os termos jurídicos, ser inimputável! kkkkkkkk
O amor e as bençãos da vida são consequências dessa forma de encarar o caminho e de vencer as adversidades.
Estou com você. Conte comigo. Tchiamu!
Feliz Vida!
K
Monday, May 18, 2009
Dia de chuva
Foto: Soneca e Nina, meus amores.
A chuva batendo na janela
lava tudo, quase em tudo
não se vê mais nada
nem um pingo de sentido,
de sentinela.
A gripe que amolece meu corpo
traz a força que revela
o que já se faz em tudo
e do nada vem a sensação
do vivo que estava quase,
quase morto.
A música que percorre minha cama
abraça os sonhos que sem sono
caminham pro futuro
onde o trono, a recompensa
do que se espera, na verdade
é o que se chama.
O que se chama é amor,
sentido em tudo, em cada gesto,
olhar ou ainda pensamento.
Amem ou calem. Sem amor,
tantas e outras coisas
de nada valem.
Kadydja Albuquerque > 18.05.2009
Uma semana intensa para todos, como a minha gripe. ;-)
Sunday, May 17, 2009
O mundo e seus moinhos
O mundo é de fato um moinho. Em algumas horas, mói a carne, a alma, os sonhos. Em outras, é moinho de ventos... carregando o que há de velho e anunciando mudanças. Esses ventos que varrem um céu que nunca é o mesmo, ainda que espelhe o mesmo azul de ontem. O azul de hoje é mais vivo, mais sereno, mais nítido. Ofusca menos, encanta mais.
Reza a lenda que Cartola fez essa música para sua filha quando descobriu que ela estava se prostituindo. E por que às vezes nos cabe tanto esta letra? Porque nos prostituímos diariamente quando vendemos nossos sonhos, desejos e sentimentos. Quando entregamos o que há de mais autêntico a mão dos outros. Não falo apenas em amor, mas em tudo. Da ambição de ser reconhecido profissionalmente a construção de castelos com um princípe encantado que faz serenata em sua janela. Não adianta. Confiamos aos outros a capacidade de tornar reais os nossos contos de fadas.
E assim, a música se encaixa na alma. Ou desencaixa quando acordamos. A medida que não nos serve mais, o moinho de carne e sonhos transforma-se em moinho de ventos. As ilusões e o cinismo dão lugar ao livre-arbítrio de fazer valer o que se quer. E já não faz mais sentido muita coisa que antes atormentava. O presente nos anuncia um rumo e o futuro desanima o abismo, contrário ao sentido dos ventos.
Como quem avança em outra faixa de Cartola, o moinho do mundo dá lugar ao sol que sempre nascerá. "A sorrir, eu pretendo levar a vida..." ;-)
Boa semana a todos!
Domingo é o dia que mingo....
Friday, May 15, 2009
Rota do Sertão - dia longo!
ROTA DO SERTÃO - SERGIPE.
Ontem foi um dia muito intenso em tudo: 10 municípios, muita estrada (boa), calor, discursos e gargalhadas com essa equipe maravilhosa que faz parte da Secom.
Um dia ainda vou escrever sobre esse pessoal. ;-) Da esquerda pra direita: Wellington (redação), Nanda (MKT), Lucas (SSP), Paloma (redação), Ivy (SSF), eu (NIP), Nanah (Mídia Jovem), Elô, Mila (NIP), Jú (MKT) Rod (redação) e André (MKT). E tá faltando gente ainda na foto: Hugo Sidney, Márcio, Lúcio, Diogo, e Hugue (a pessoa da qual eu mais sinto saudades na vida... kkkkkkkkkkkkk e ele foi ontem.. owwwn!)
Noite de sexta = meu sofá!! Tô morta de cansada. Acho que mais tarde deve vir alguma coisa boa na cabeça pra escrever...
Fui!
Wednesday, May 13, 2009
Quarta-feira
Joguei no meu twitter o pedido de sugestão para um tema do próximo post no meu blog. Allan, meu fiel seguidor, sugeriu mais um texto sobre dia da semana. Ou seja, quarta-feira. Aceitei o desafio e pensei 5 minutos sobre isso. E conclui: a quarta-feira só não perde em desprezo para a terça-feira. Sim, porque ela ainda é um dia que rende música, nem que seja para mencionar a quarta mais especial de todas: a de cinzas. Alguém já viu música sobre terça-feira¿ Até deve ter, afinal sempre existe um criativo sensível para desafiar a convenção humana. E se tiver, é uma canção daquelas que passa por todos os dias da semana, como o Chiclete com Banana percorrendo as praias do Brasil. “Cantando em Porto Seguro quase morri de susto, uma gatinha nuazinha me disse: passe óleo no meu busto”. Poesia.
Então, quarta-feira é um dia em cima do muro. Todo mundo já está com aquele enfado do meio da semana e pensando na sexta-feira à noite. É um dia perfeito para happy hour. Renova as energias e você vai trabalhar na quinta se sentindo menos explorado pelo sistema. Agora naquelas quartas-feiras em que o salário já te deu tchau, a sugestão é criar novos universos. Foi o que eu fiz hoje. Entrei no twitter. Um troço que virou febre na internet onde as pessoas ficam colocando frases soltas, reflexões profundas e significativas como deve existir em todo ambiente de relacionamento na web. Além disso encontrei o imesh, um programinha legal para ouvir e baixar músicas. Não poderia ter tido melhor quarta.
Em hipótese alguma pense sobre sua vida em uma quarta-feira. Deixe isso pro domingo. Se estiver com a depressão batendo à porta, crie um twitter, um álbum novo no Orkut ou vá rezar. Mas não pense sobre aquela pessoa que entrou com o pé enquanto você contribuiu com a bunda, ou ainda aquele problema no emprego. Você vai ter a quinta e a sexta-feiras inteira pra disfarçar sua cara de derrota até poder enfiar o pé na jaca em algum canto auspicioso da cidade. Vá por mim.
Boa quinta-feira para todos!
Tuesday, May 12, 2009
Blame it
uma mulher de saudades
me esgoto, desgosto,
re-componho, ré, me exponho
sal de lágrimas, sonhos
mulher, o que fazes?!!
blame it on você
blame it on qualquer
blame ou blasfeme
bla bla bla, mulher
blame it, metida.
encosto, aposto
desgosto, esgoto
carinho, caminho
arrepio de pelo, friozinho
na barriga, na mente
mente? So...
blame it on ou não
blame it on coração
blame ou blasfeme
bla bla bla, quem é?
it's me
ou quem quiser.
Kadydja Albuquerque > 08/05/2009
me esgoto, desgosto,
re-componho, ré, me exponho
sal de lágrimas, sonhos
mulher, o que fazes?!!
blame it on você
blame it on qualquer
blame ou blasfeme
bla bla bla, mulher
blame it, metida.
encosto, aposto
desgosto, esgoto
carinho, caminho
arrepio de pelo, friozinho
na barriga, na mente
mente? So...
blame it on ou não
blame it on coração
blame ou blasfeme
bla bla bla, quem é?
it's me
ou quem quiser.
Kadydja Albuquerque > 08/05/2009
Thursday, May 7, 2009
Acordei meio Silvia Machete.
Hoje eu acordei meio Silvia Machete, querendo uma aula de trapézio ou um bambolê, um drink às 9h da manhã ou ainda um dia que se arrastasse sem o menor compromisso. E nem "cheguei em casa toda descabelada e muito menos arrependida do que aconteceu". :-P Tem dias que a gente acorda assim, parecida com alguém, diferente de tantas outras, mas não nos impede de querer estar perto dos amigos. Tô assim hoje... amigueira, querendo ir fazer as unhas no salão em dupla, comer pastel com caldo de cana no Centro, ou ainda beber umas no final da noite com mulheres fechativas.
Como não poderia ser diferente, trilha sonora do dia: Silvia Machete. Grande moça. Estará em minha sessão noturna de DVD. ;-) Será?!
Eu tava nesse show sim! :-P
Como não poderia ser diferente, trilha sonora do dia: Silvia Machete. Grande moça. Estará em minha sessão noturna de DVD. ;-) Será?!
Eu tava nesse show sim! :-P
Monday, May 4, 2009
5 anos
5 de maio de 2004. Este foi o dia que eu desembarquei em Aracaju, vindo do Rio de Janeiro, com uma bagagem maior do que minhas roupas, sapatos e alguns livros e DVDs. Trazia comigo o desafio de deixar pra trás muitas coisas e o frio na barriga de encarar a minha cidade depois de insistir que nunca mais voltaria. Rodrigo me esperava no aeroporto porque ele foi parcialmente responsável pela minha volta. “Às vezes precisamos dar dois passos pra trás para avançar um. Venha simbora”. E eu vim porque muita coisa que eu vivia lá já não fazia sentido. E eu sempre tive uma coragem tardia para encarar o novo, ainda que este não fosse tão novo assim.
Do aeroporto, fomos encontrar Elô, nosso saudoso Rafael, Rô e outros amigos dos quais não consigo me recordar no momento. Senti-me reintegrada, feliz por estar de volta e por de fato poder começar minha carreira pós-formatura no Brasil. Sim, porque até então eu só havia atuado como jornalista profissional em Lisboa. No Rio, um aprendizado: nunca coloque na gaveta o seu diploma, muito menos quando a decisão é vender roupas para madames esnobes da Barra da Tijuca. Nunca mais, enquanto Deus me permitir.
Por acaso eu me lembrei dos 5 anos. No Youtube, achei um vídeo da banda portuguesa Silence 4 (acima), a qual ouvia muito quando morava em Lisboa. Canções e perfumes são conectores severos da nossa mente com o passado. De Lisboa, meu cérebro hipertextual migrou para o Rio, do Rio para cá. E assim me recordei.
É meio estranho esse troço porque o mundo, rapidamente, gira no sentido anti-horário, e passa um filme em sua cabeça. É inevitável não fazer uma avaliação desse filme ao final. E é muito bom quando percebemos que o resultado é feliz, ainda que tenha sido conquistado a duras penas. Hoje, com toda a minha certeza vacilante, digo que eu amadureci nesta cidade como eu nunca imaginei amadurecer no Rio, em Lisboa ou em Salvador. E o mais legal é perceber que eu não cresci sozinha. Todas as pessoas que apoiaram a minha volta são, hoje, melhores.
Quero tentar não ser piegas e agradecer aos meus grandes amigos nessa cidade. A Elô por ter sido minha anfitriã, a pessoa que acreditou e ainda acredita em mim, que me deu casa e colo nos momentos em que eu fraquejei diante da minha decisão. A Rod por ser meu companheiro em TODOS os dias nestes cinco anos. A Nanda por ser uma prova em minha vida de que é possível, sim, ter uma amizade sólida baseada no respeito, no carinho e na admiração mútua. Essas três pessoas, quero agradecer em especial. Reconheço que tantas outras me fizeram e me fazem bem, mal, mais ou menos querida. Cada uma, com seu mel ou fel, contribuiu para me tornar o que sou hoje. Pouco ainda diante do que posso ser.
Mas sou muito feliz com o resultado dessa grande escola que é a vida. Sou muito feliz, mais ainda, por constatar que no caminho dos se’s, fiz as escolhas corretas e todas em seu tempo. Mesmo aquelas que me foram impostas são preciosas em meu caminho. O que é preciso nisso tudo é compreender. É aceitar a dinamicidade das coisas como destino natural de tudo que há nesse mundo: a evolução. Para uns, mais dolorosa, menos permissiva, mas sempre possível. E é nessa possibilidade que traduzo os meus cinco anos em Aracaju. Eu me permito viver, durar quando necessário, recuar, avançar, desistir, insistir, sonhar, mas sobretudo, acreditar na força que tem abrir o peito pra vida e agüentar o que vier de encontro.
K.
Diquinha - John Mayer
Eu sou apaixonada por ele. John Mayer. Não me canso. Não há porquê. Qual o problema, Jennifer, dele viver no Twitter? Brad Pitt vivia em sets de filmagem e não faz UM solo de guitarra. Humpf! Ok, Brad tem seus talentos, entre eles, o de pai, mas preferiu a Jolie. Vida que segue. Um dia você perde pra uma boca carnuda e no outro para uma ambiente 2.0 na Internet. Mas qualquer Pitt ou Mayer é melhor que o Vincent Vaughan. Enfim, Lilly Allen diz que está apaixonada por ele depois de assistir o seu DVD. Entre na fila!
Sunday, May 3, 2009
In a jazz mood... in a domingo.
Para ler ouvindo...
Diálogo de uma quinta-feira à noite no Rio de Janeiro...
- Pai, você já está no aeroporto?
- Sim, filha, já estou na sala de embarque. E você, já chegou aqui?
- Já está na sala de embarque! (o voo era às 21h e eu liguei às 18h) Não pai, tô aqui na Modern Sound ouvindo um jazz...
- Ah é... então quando você chegar me ligue (risadas).
Ele sabia que eu não ia chegar... mas tava perdoada. ;-)
Falando em jazz, lembrei que me pediram para escrever sobre o domingo. Eu já fiz isso outras vezes, mas aceito o desafio. Agora é assim, recebo encomendas para o meu blog. Melhor pra mim que não preciso pensar nos temas, apenas vou escrevendo e fingindo que sei algo sobre qualquer coisa. Isso é mania de jornalista...
Então, o domingo... eu o vejo como o dia onde a vida é passada a limpo. Domingo tem som de Jazz, enquanto você navega por aqueles blogs legais ou lê um livro. Domingo é dia de almoçar tarde, de ir à praia tarde, de jantar tarde, de deixar que a vida tarde. Não há glamour em um domingo, grandes expectativas, euforia, pressa. As horas passam calmas e às vezes até demais.
Um descanso merecido. Pro corpo e pra alma. Pra mente, sobretudo. Domingo é pra rever a vida e chegar na segunda-feira com a cara boa no trabalho. Os laços se estreitam nesse dia, almoço com a família, praia com os sobrinhos, cinema com os filhos ou fim de tarde com os amigos. Há calma, resignação, maturidade.
Há quem transforme o domingo em uma jornada na TV. Há quem aproveite para organizar os CDs antigos enquanto eles tocam no home theater. Outros passam o domingo curando uma ressaca. Muitos aproveitam o dia para revisar solidão, maus hábitos, cenas da semana.
É impossível desprezar o domingo. É o dia com sua palavra mais forte, mais sonora, menos agressiva. Dia de aflorar os dons, os sons, os tons que você precisa impor em sua jornada. A catarse nasceu no domingo. O sofá também. Não tenho dúvidas de que o primeiro acorde de jazz veio em um domingo chuvoso.
Eu nasci numa segunda-feira, às 9h da manhã, depois de minha mãe ter tomado remédio para atrasar o meu parto. Ordens médicas. Domingo à noite não se nasce, Kadydja. Discordo. É preciso renascer a cada domingo. E eu tentei vir ao mundo neste dia. Não deu. Não faz mal, carrego a cada noite de domingo a sensação de precisar nascer novamente. E isso me faz melhor.
Bom domingo!
"So lucky to be me..."
Diálogo de uma quinta-feira à noite no Rio de Janeiro...
- Pai, você já está no aeroporto?
- Sim, filha, já estou na sala de embarque. E você, já chegou aqui?
- Já está na sala de embarque! (o voo era às 21h e eu liguei às 18h) Não pai, tô aqui na Modern Sound ouvindo um jazz...
- Ah é... então quando você chegar me ligue (risadas).
Ele sabia que eu não ia chegar... mas tava perdoada. ;-)
Falando em jazz, lembrei que me pediram para escrever sobre o domingo. Eu já fiz isso outras vezes, mas aceito o desafio. Agora é assim, recebo encomendas para o meu blog. Melhor pra mim que não preciso pensar nos temas, apenas vou escrevendo e fingindo que sei algo sobre qualquer coisa. Isso é mania de jornalista...
Então, o domingo... eu o vejo como o dia onde a vida é passada a limpo. Domingo tem som de Jazz, enquanto você navega por aqueles blogs legais ou lê um livro. Domingo é dia de almoçar tarde, de ir à praia tarde, de jantar tarde, de deixar que a vida tarde. Não há glamour em um domingo, grandes expectativas, euforia, pressa. As horas passam calmas e às vezes até demais.
Um descanso merecido. Pro corpo e pra alma. Pra mente, sobretudo. Domingo é pra rever a vida e chegar na segunda-feira com a cara boa no trabalho. Os laços se estreitam nesse dia, almoço com a família, praia com os sobrinhos, cinema com os filhos ou fim de tarde com os amigos. Há calma, resignação, maturidade.
Há quem transforme o domingo em uma jornada na TV. Há quem aproveite para organizar os CDs antigos enquanto eles tocam no home theater. Outros passam o domingo curando uma ressaca. Muitos aproveitam o dia para revisar solidão, maus hábitos, cenas da semana.
É impossível desprezar o domingo. É o dia com sua palavra mais forte, mais sonora, menos agressiva. Dia de aflorar os dons, os sons, os tons que você precisa impor em sua jornada. A catarse nasceu no domingo. O sofá também. Não tenho dúvidas de que o primeiro acorde de jazz veio em um domingo chuvoso.
Eu nasci numa segunda-feira, às 9h da manhã, depois de minha mãe ter tomado remédio para atrasar o meu parto. Ordens médicas. Domingo à noite não se nasce, Kadydja. Discordo. É preciso renascer a cada domingo. E eu tentei vir ao mundo neste dia. Não deu. Não faz mal, carrego a cada noite de domingo a sensação de precisar nascer novamente. E isso me faz melhor.
Bom domingo!
"So lucky to be me..."
Saturday, May 2, 2009
Para a tristeza - Fernanda Young
Adoro mulheres inteligentes. Adoro a Fernanda Young e o seu blog. Adoro o texto abaixo. E não preciso dizer mais nada. :-)
PARA A TRISTEZA - FERNANDA YOUNG
Companheira, sei que você vai chorar quando ler esta carta, mas quero deixar de ver você por uns tempos. Vai ser difícil para mim, pois me acostumei à sua presença, porém não vejo mais motivos para continuarmos juntas. Não nego sua importância; em diversos momentos difíceis da minha vida você permaneceu comigo, mesmo quando todos se afastaram. Só que, com você, sinto que não ando para a frente. Esse seu pessimismo me atrapalha.
Tenho tentado evitar você de todas as maneiras, e isso não é legal. Ainda mais porque sei que se magoa por qualquer coisinha. Mas basta você chegar e lá se vai minha alegria. Não agüento mais os seus assuntos mórbidos, a sua cara desanimada. Até sexo, com você, ficou sem graça. Nada mais broxante do que gente que chora durante a transa.
Perdi anos de minha vida ao seu lado, tristeza, acreditando em tudo que você dizia. Que o amor não existe e o mundo não tem jeito. Você é péssima conselheira para suas parceiras - que o digam a Marilyn e a Sylvia*. Agora, chegou a hora de dar chance à alegria, que há muito tem mostrado interesse em passar uns tempos comigo. Ela me elogia, sabe? Você? O único elogio que eu lembro de ter ouvido de você foi que eu fico bem de olheiras.
Veja bem: não estou dizendo que quero acabar com você para sempre. Sei que estou presa a você, de uma forma ou de outra, pelo resto da vida. E podemos muito bem ter os nossos momentinhos juntas, aos domingos ou em longas tardes de poesia. Só não posso é continuar à mercê dos seus péssimos humores, dia após dia, sabendo que você nunca irá mudar. Chega de fornecer moradia à sua pesada existência.
Desde pequena, abro mão de muita coisa pela sua companhia. Festas a que não fui porque você não me deixou ir, paisagens lindas nas quais não reparei porque você exigiu de mim total atenção, amigas que perdi porque insisti em levar você comigo a todos os lugares. Ora, tristeza, tente ao menos ser mais leve. Sorria de vez em quando, pare um pouco de se lamentar. Ou vai continuar sendo assim: ninguém querendo ficar com você.
Não vou cobrar o que deixei de ganhar por sua má infl uência, pois sei que tristezas não pagam dívidas. Mas quero de volta meus discos de dance music, que você tirou da prateleira. E minhas roupas estampadas, que sumiram do meu armário depois que você se
instalou aqui.
Por favor, não tente entrar em contato comigo com as mesmas velhas razões de sempre. Não é a fria lógica dos seus argumentos que irá guiar meu coração daqui por diante. Quero ver a vida por outros olhos, que não os seus. Quero beber por outros motivos, que não afogar você dentro de mim. Cansei da sua falta de senso de humor, do seu excesso de zelo. Vá resolver as suas carências em outro endereço.
Como me disse o Lulu, hoje de manhã, no carro, a caminho do trabalho: "Não te quero mal, apenas não te quero mais".
Bye-bye,
Fernanda
* A autora refere-se à morte da atriz Marilyn Monroe e da poetisa Sylvia Plath.
Fernanda Young é escritora, roteirista e apresentadora de TV
PARA A TRISTEZA - FERNANDA YOUNG
Companheira, sei que você vai chorar quando ler esta carta, mas quero deixar de ver você por uns tempos. Vai ser difícil para mim, pois me acostumei à sua presença, porém não vejo mais motivos para continuarmos juntas. Não nego sua importância; em diversos momentos difíceis da minha vida você permaneceu comigo, mesmo quando todos se afastaram. Só que, com você, sinto que não ando para a frente. Esse seu pessimismo me atrapalha.
Tenho tentado evitar você de todas as maneiras, e isso não é legal. Ainda mais porque sei que se magoa por qualquer coisinha. Mas basta você chegar e lá se vai minha alegria. Não agüento mais os seus assuntos mórbidos, a sua cara desanimada. Até sexo, com você, ficou sem graça. Nada mais broxante do que gente que chora durante a transa.
Perdi anos de minha vida ao seu lado, tristeza, acreditando em tudo que você dizia. Que o amor não existe e o mundo não tem jeito. Você é péssima conselheira para suas parceiras - que o digam a Marilyn e a Sylvia*. Agora, chegou a hora de dar chance à alegria, que há muito tem mostrado interesse em passar uns tempos comigo. Ela me elogia, sabe? Você? O único elogio que eu lembro de ter ouvido de você foi que eu fico bem de olheiras.
Veja bem: não estou dizendo que quero acabar com você para sempre. Sei que estou presa a você, de uma forma ou de outra, pelo resto da vida. E podemos muito bem ter os nossos momentinhos juntas, aos domingos ou em longas tardes de poesia. Só não posso é continuar à mercê dos seus péssimos humores, dia após dia, sabendo que você nunca irá mudar. Chega de fornecer moradia à sua pesada existência.
Desde pequena, abro mão de muita coisa pela sua companhia. Festas a que não fui porque você não me deixou ir, paisagens lindas nas quais não reparei porque você exigiu de mim total atenção, amigas que perdi porque insisti em levar você comigo a todos os lugares. Ora, tristeza, tente ao menos ser mais leve. Sorria de vez em quando, pare um pouco de se lamentar. Ou vai continuar sendo assim: ninguém querendo ficar com você.
Não vou cobrar o que deixei de ganhar por sua má infl uência, pois sei que tristezas não pagam dívidas. Mas quero de volta meus discos de dance music, que você tirou da prateleira. E minhas roupas estampadas, que sumiram do meu armário depois que você se
instalou aqui.
Por favor, não tente entrar em contato comigo com as mesmas velhas razões de sempre. Não é a fria lógica dos seus argumentos que irá guiar meu coração daqui por diante. Quero ver a vida por outros olhos, que não os seus. Quero beber por outros motivos, que não afogar você dentro de mim. Cansei da sua falta de senso de humor, do seu excesso de zelo. Vá resolver as suas carências em outro endereço.
Como me disse o Lulu, hoje de manhã, no carro, a caminho do trabalho: "Não te quero mal, apenas não te quero mais".
Bye-bye,
Fernanda
* A autora refere-se à morte da atriz Marilyn Monroe e da poetisa Sylvia Plath.
Fernanda Young é escritora, roteirista e apresentadora de TV
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