Estou sem escrever no blog há um ano e meio, e me pergunto o
que causou isso. Seria inútil justificar. Prefiro (tentar) aceitar que eu
precisava desse silêncio, ainda que hoje eu tenha a certeza de que silenciar
você mesma é a pior das violências. A segunda é viver muito tempo no pretérito
imperfeito: “eu poderia ter feito isso ou aquilo”, “eu deveria ter sido mais...”,
e coisas do tipo.
Há uma frase no tango “Um vestido y un amor”, de Fito Paez,
que tem borbulhado em mim nesses últimos dias.
“Hay cosas que te ayudán a vivir”. E só sabe o significado
disso quem um dia perdeu a vontade pela vida. Essa, feita de ciclos, de círculos,
de cínicos e de cicatrizes. Feita de dias tão cinzas que seu corpo permanece imóvel,
como coberto por concreto. Essa vida que se vive aqui dentro, querendo,
cobrando, exigindo que seja colocada pra fora.
Sim, há coisas que nos ajudam a viver. Para mim, escrever é
uma delas. E vou voltando aos poucos. Não é fácil me mostrar. Ainda não me
sinto livre. Mas começo a quebrar o concreto e os dias anunciam alguma cor. Lá
fora. Onde ainda não quero ir. Porque sempre que vou, não me sinto parte. Ou não acho a minha parte. "La llave de mandala se quebró".
É só o que tenho vontade de escrever hoje. Já deve ser um
bom começo para um novo ano, ainda que eu esteja cansada do novo.
De novo.
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