Wednesday, January 20, 2010
Diálogo entre o coração e o mundo
A Zygmunt Bauman, o pai dos sentimentos líquidos.
- Aqui fora faz calor.
- Aqui dentro também.
- Mas o calor que aqui fora faz, é o sol quem traz.
- E aqui dentro é por querer tanto bem.
- Se bem tanto quer, por que o calor atormenta? Deveria ser um bom conforto pra você que está quase morto.
- Seria se acolchoado por tantas palavras fosse esse coração. Ou ainda embalado pelos gestos que enxotassem a solidão.
- Então o calor é apenas de esperança?
- Há, meu amigo, em todo peito uma criança. Olhos que pulsam assustados com o futuro. Na maneira como eu vivo, não há nada seguro.
- Sei muito sobre o que você discorre triste. Eu sou o mundo e carrego todos os pesos. Segurança em mim não existe. Sou palco dos humanos e seus erros. O futuro não posso controlar. Mas você, bem guardado em sua casa, é palco de um só ofício: amar.
- Não esqueça, mundo, que vivo em uma casa onde a residência é o seu palco. Sou vítima dos pesos, dos erros, do asfalto. Sou um soterrado pelos terremotos da mente. Como posso amar quase morto, dormente?
- Mas querer tanto bem é um passo para amar.
- Seria se você fosse outro, mundo. Seria se a minha casa fosse um lar.
Kadydja Albuquerque > 20.08.2009
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1 comment:
Lindo demais e de uma sutileza sem igual. Parabéns!
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