Saturday, August 8, 2009

Mimo do tempo

Como é tolo o coração de uma mulher.
Ingênuo e pleno de fantasias banais,
Afogado em memórias nunca existidas
Das mais perfeitas investidas
Do menos perfeito rapaz.

O coração de uma mulher só não é mais bobo
Que seus gestos ansiosos
Que seus olhares pagãos
Que sua boca seca e escancarada
Diante do paliativo da solidão.

Afinal, de que adiantaria ser lúcida
Se toda graça da mais boba mulher
está em acreditar
que o mais excitante futuro
não é taquicárdico, é seguro?
E que isso tudo é apenas um mimo
... do tempo.

Kadydja Albuquerque



Poesia não se explica. Nem se decifra. Sente-se. O que eu escrevo é exercício de pacificação. Tentativa “bonitinha” de organizar em palavras a confusão de tantos sentimentos. Amo, odeio, desejo, repudio, choro, rio, brinco, travo, construo castelos suntuosos, e me escondo em cabanas de palha.

Não tenho conserto. Vou ser assim pra sempre. E porque eu quero, porque preciso desse frio na barriga, desse olhar catatônico que às vezes me pego fazendo na janela. Janela física, com rede, que dá pra um céu que sempre me acalma. As minhas janelas abstratas também acabam em um céu imaginário. Nele, é sempre dia. É sempre verão.

O que há no céu que tanto me fascina¿ Deve ser a imensidão. O azul. O céu como a pintura mais fiel do infinito, como o mimo do tempo tentando controlar a minha ânsia de amanhãs . Olhar para o céu e ver movimento. Perceber o redondo ciclo da vida, das estações do ano, e sentir que minha alma acompanha, integra esse universo, alterna calor, alegria, tristeza, solidão, esperança, desalento.

O que há no céu, há em mim. Há em qualquer um.

1 comment:

Nida Ollem said...

Janelas me hipnotizam. Gostei muito de alguns dos seus poemas, dentre eles 'A canção da casa amarela' e 'Sky falls'.