Friday, November 20, 2009

Mundo imaginário



O primeiro senso é a fuga. Essa é uma frase de uma das músicas do Teatro Mágico. Conheço muita gente que não gosta do grupo, e eu respeito, mas temos que concordar que as letras do Fernando Anitelli são geniais. Eu sou uma pessoa das palavras mais do que das melodias. Talvez porque goste tanto delas, elas colam em mim. E a esse fato acabam me atribuindo uma memória fora do comum. Não é isso. Eu dou atenção às palavras, observo, escuto, gravo e reproduzo.

E essa frase do OTM é uma das zilhões que me tocam, que eu gostaria de ter escrito e acabo adotando como um bicho de estimação. Alimento, cuido, sorrio ao ouvi-la tantas vezes for. Porque é verdade. Pelo menos o é em mim. O meu primeiro senso, sempre, é a fuga. Todos os dias eu quero fugir, durante vários momentos, pra meu mundo imaginário. Lá, eu só faço o que gosto, no tempo que não corre, com as pessoas que eu escolhi. Lá os sorrisos são sinceros e os elogios também. O olhar é curioso, o toque não tem pressa, e o dia amanhece mais tarde e entardece mais cedo.

No meu mundo imaginário, eu não busco o tempo nem o maldigo. Eu sou o tempo. As coisas acontecem na cronologia do meu desejo. Avançam, retrocedem, pausam. Pra lá eu não carrego carteira nem roupas apertadas. O meu cabelo é sempre liso e a minha pele tem a cor de três verões. Sou mais alta e isso nem importa de fato. O que me fascina é que lá eu carrego em mim tudo que este mundo em que vivo me furta.

Tenho uma voz que encanta e canta todas as canções que eu calo. A fuga é voz, é a palavra que dessa garganta não sai, é a poesia que não faz parte do meu imaginário. Porque a minha poesia é um portal entre os meus mundos. Minhas palavras em verso são o meu manifesto de realidade. Não há qualquer senso lúdico no que eu escrevo. Eu vivo de fato o que verso, mas não verso o que imagino.

O que imagino é meu, universo não-compartilhado. Eu sempre venço no final. Eu sou a mocinha. Não há bandidos. Não há rancor, ódio, inveja ou dedão sem a unha do pé. Vocês deviam ter a chance de me conhecer neste meu mundo. Sou bem mais interessante porque sou eu, ali, longe do panóptico. Uma mulher de nome diferente, mas igual a todas as outras.

Monday, November 9, 2009

Sweet Jardim



Como um brotinho de feijão foi que um dia eu nasci,
Despertei cai no chão e com as flores cresci.
E decidi que a vida logo me daria tudo
Se eu não deixasse que o medo me apagasse no escuro.

Quando mamãe olhou pra mim, ela foi e pensou
Que um nome de passarinho me encheria de amor
Mas passarinho se não bate a asa logo pia
Eu que tinha um nome diferente já quis ser Maria
Ah, e como é bom voar

Passarinho - Tiê

Tuesday, November 3, 2009

"A Bahia é linda"


Praia de Vilas

Passei o feriado em Salvador. Três meses que não voltava à cidade, e dessa vez foi bem especial. Primeiro porque encontrei meus pais, e depois porque aproveitei a cidade com amigos sergipanos, uma anfitriã eterna e um amigo recente que veio das terras pernambucanas. Nenhum roteiro planejado, mas todos deram certo.


Arnaldo na Concha Acústica, em Salvador.

Em dois dias consegui ir à exposição da Sophie Calle - Cuide de você (vai ter post único, lógico!), ao show do Arnaldo Antunes, mais pop do que nunca e arrasando no palco; conhecer a praia de Vilas e decidir que eu quero acabar minha vida lá (pelo menos até conhecer outro lugar mais legal); e de quebra, compor um repente que vai ser sucesso no próximo verão.


Eu e o mar do Rio Vermelho (foto: Mel Warwick)

Ouvir e ver o mar do Rio Vermelho de madrugada é inspirador. Mas talvez o momento mais marcante foi a volta, guiada pela lua imensa de cheia, iluminando a estrada. Não pude fotografar porque estava dirigindo, mas da memória não sai. E ainda ao som de Ben Harper. Ironicamente, ele cantava "She's only happy in the sun". É, leonina que sou e me mantenho, sou regida pelo Sol, mas a lua me fascina também. E essa lua, então, me fez discordar do Ben, que eu admiro e respeito.

Sempre gostei de admirar a lua porque eu a sinto como um ponto de encontro. Quando a miro, sei que muitas pessoas fazem o mesmo. Fico imaginando que aqueles de quem eu gosto, mas que estão distantes, estão olhando pra ela, e ali nos encontramos.

Enfim, adorei estar na Bahia e reencontrar amigos que não via há algum tempo (Mari e Flávia), e curtir com outros, "llenos" de energia boa (Mel, Vini, Patrícia). É isso que a gente deve valorizar na vida. Estar com pessoas legais, rir bastante, conhecer novos lugares (mesmo que você já tenha ido à cidade 987 vezes), ouvir uma boa música e contemplar os presentes do universo.

Tô com fome (horário de almoço), e não consigo evoluir muito por aqui. Depois vou fazer um post sobre a exposição da Sophie. Beijo!