Friday, February 27, 2009

In Repair



[foto by me >> sábado de carnaval]

Há sempre o momento de respeitar as palavras que não saem, mas que ao mesmo tempo provocam. sou esôfago travado. Perco-me em pensamentos sobre mim mesma. Crueldade que se faz consigo sem querer.

Os fatos, preconceitos, frases vitrolam na mente e chiam porque a desconfiança é como a agulha quebrada que transforma qualquer canção em barulho inútil. Ando em uma fase muito minha e só posso atribuir isso à falta de crença nas pessoas.

Optei, momentaneamente, por não acreditar no que me dizem. Cética por conveniência. Machuca menos. Namoro com a desimportância. Flerto com o desdém. Ainda assim, não consigo deixar de me levar a sério. E esse respeito por mim me enclausura e me mantém distante de tudo.

Sigo aparecendo, mas não sou eu. Só me mostro a mim e no escuro. Não escuro convencional. Percebam que não há nada aparente nas minhas palavras por aqui. O que eu quero dizer é difícil de enxergar...

E vou me conhecendo e me aceitando. Não há orgulho. Mágoa muito menos. Há preguiça de lidar com os egos. Por muito tempo caminhei com o peito aberto, sempre no estado iminente de dizer as coisas. Hoje calo tudo que acho importante. Qualquer palavra que saia da minha boca é lixo perto do que eu penso. Do que realmente tenho a dizer pro mundo.

Dentro do meu universo, cansaço. Não é de todo mal. Não é crise. É escudo, muro construído com tijolos que jogaram em mim. Preciso fazer com que eles sirvam para alguma coisa. Observo a inutilidade dos gestos das pessoas que tentam me convencer... a crer.

Não é o meu momento. A minha fé é disciplinada. Nunca cessa, mas tem foco. Continuo no jogo da vida. Finjo dribles, dou uma cabeçada ou outra, ameaço chutar pro gol. Tudo é tão inquieto em mim que me impacienta até construir metáforas.

E a inquietude vem do questionamento. vem de Saturno, do ano 9, dos tijolos, dos jogos e de todas as canções inúteis. E observo cada pessoa e coleciono pares. Retorno à origem daquilo que sempre pensei. E desconfio e desconserto o meu eu remendado para consertar novamente. Grande benção é saber olhar pra dentro e respeitar a si mesmo. Só assim poderei deixar que saiam de mim as verdadeiras palavras. Por enquanto, sigo sem qualquer originalidade.

A Rush od blood to the head



C... de Carnaval

de Coldplay

de Cansei...

Vídeo extraído do DVD Coldplay Live. Música: A rush of blood to the head...

Brinquedinho novo



Sabe quando você ganha um presente e fica toda boba? Eu ando assim. Meu pai, por livre e espontânea vontade, resolveu me dar uma câmera fotográfica de presente. Talvez não tão livre e espontânea assim, mas com um peso de culpa por ter quebrado a minha rósea cybershot em um dos nossos jantares na capital baiana.

Enfim, demorou um pouco, mas ele se redimiu com um presente e tanto: uma Nikon D-60. Trocando em miúdos: um brinquedinho de alta qualidade e que anda preenchendo os meus vazios momentâneos neste carnaval. É, eu não sou muito da folia de Momo e venho de uma maratona de festas de verão que me trouxeram como herança a preguiça. Até que pretendo foliar uns dias, mas ando tranqüila. Com meus gatos, com minha Nikon, com meus DVDs.

Como ainda não tive a oportunidade de inaugurá-la na rua, ando fotografando meus modelos preferidos: os meus felinos Nina, Soneca e Beto. Eles não cobram cachê e me facilitam muito o trabalho com essas carinhas que nunca saem feias na foto. Adoro as poses sempre intencionais (sim, os gatos adoram posar para fotos e fazem isso com a mesma destreza de uma piriguete na balada).

Já postei algumas no meu profile do Orkut, e ando um tanto preocupada com a minha imagem perante meus amigos. Moro sozinha e tenho 3 gatos. Se eu tivesse mais 20 anos era sinônimo de derrota. Como ainda tenho meus 28 aninhos, sou sinônimo de quê? Deixa pra lá... é melhor nem perguntar.

Voltando ao brinquedinho... estou empolgada, mas ainda não tive coragem de começar a ler o manual. Quero fazer uma aulas de fotografia, mas também não tenho pressa. O que mais importa é o olhar, não é mesmo? Esse eu treino todo dia e nem preciso de uma objetiva. Venho de um passado de repórter, daquelas que gostam de observar tipos, cenas, estórias. E confesso que ando com vontade de voltar a escrever reportagens. Não por ofício, mas por hobby. Fico lembrando das minhas épocas de campo, do seu Lourival e de tantos outros seus e donas que eu conheci com um gravador na mão.

Um dia ainda vou escrever sobre seu Lourival, o meu entrevistado mais marcante. A universidade está longe de nos ensinar o que essas pessoas nos fazem descobrir a cada pergunta. E ele me ensinou muita coisa com poucas palavras e um olhar que me fez perceber o quão pequenos somos nós – o lado de cá que vive com a barriga cheia. Um senhor de 74 anos, ativo, provedor de uma família grande que vive com ele em um barraco no Canela, foi uma das pessoas que mais me marcaram até hoje. “Tenho fome, mas sou feliz. Por quê? Porque Deus existe e ele me prova isso todos os dias”. Nunca esquecerei essa frase que, acompanhada com o olhar de serenidade, fez essa aqui desarmar (ou seria desabar?). Foi a primeira e única vez que não consegui segurar o choro diante de um entrevistado.

Se eu tivesse com minha Nikon no momento, seu Lourival estaria na minha melhor foto, no meu papel de parede do computador, e possivelmente em um quadro na minha sala. Mas não faz mal, ele vai ficar registrado pra sempre em minha memória. Essa que depois um dia eu escrevo sobre como ela me assusta com sua capacidade de registrar e resgatar tantas coisas.

A foto que ilustra este post foi tirada hoje pela manhã. É Soneca, meu gato-cachorro-peixe que vale um texto só para ele. Meu grande presente, meu fiel companheiro, o provocador das minhas melhores risadas, e que agora está aqui ao meu lado tentando sentar no teclado deste laptop. Fico por aqui.

Bom carnaval!

Postado em 21/02/2009

A vida e seus reveses



Quando esse moço lindo aí nos deixou, eu escrevi um texto para meus tios e primas. E vou reproduzir uma parte dele aí em baixo:

O medo de perder alguém sufoca tanto quanto a perda em si. Imaginar a dor, faz doer de fato. Por um instante, percebemos como essa pessoa faria falta em nossas vidas, e logo nos apressamos em pensar outra coisa. Diante do medo, temos o artifício de manter-se no presente. Mas, e quando perdemos alguém tão abruptamente como o nosso Igor¿

Convocar o presente já não resolve. Lembrar o passado nos traz a dor da ausência, e pensar no futuro nos faz sofrer pelo longo caminho que temos pela frente. A morte sempre nos mostra como a vida é traiçoeira e que aquelas frases feitas de auto-ajuda dizem a verdade: viva intensamente cada segundo.

Sinto por não ter estado mais perto de Igor todos esses anos. Estranho, mas na missa do casamento de Sara eu pensei nele. Pensei que havia esquecido de lhe dar parabéns em seu aniversário e que precisava pedir desculpas a ele. Apesar de o encontrado na festa, não o fiz. Perdi o momento, mas fiz isso em prece.

É difícil resignar-se diante de sua morte. Ninguém esperava por isso, ninguém aceita perder uma pessoa tão jovem e tão plena de vida. Um menino cheio de porquês, sempre curioso, atencioso, e disposto a prolongar uma conversa. Tenho certeza que todos nós (eu, Ludy, Débora, Victor, Lela, Enéas, Sara, Paulinho, Gustavo, Marcelo, Beto, Felipe, Priscila, Michele, Paloma, Michail, João Victor ...) nunca esqueceremos do nosso "primo- irmão", e do curtos 20 anos que tivemos ao lado dele. Há sempre uma estória engraçada para lembrar, e é assim que nós devemos lembrar dele, não é mesmo¿

Nunca imaginei que Igor fosse me ensinar algo. Prepotência minha. Hoje, ele me fez lidar com a vida e seus reveses. Me fez perceber que eu posso ser forte diante das adversidades. Eu achei que não conseguiria dar a notícia a Ludy, porque eu mesma não conseguia aceitar tudo isso. Foi o momento mais difícil da minha vida e eu nunca vou esquecer, nunca. Igor me ensinou que é preciso viver intensamente, mas com responsabilidade, para que não magoemos as pessoas que amamos. Igor me mostrou que nada é mais importante que nossa família e amigos, e que não dar parabéns no dia de seu aniversário, pode significar não dar mais.

E hoje é aniversário de Igor, e vai ser sempre. A saudade é inevitável. A vontade de que nada disso estivesse acontecendo, também. Mas Deus é senhor de tudo, e cabe a ele decidir sobre nosso momento de sair dessa vida. Igor cumpriu sua missão e jamais será esquecido por todos que o amam. Sorriso lindo, sincero, debochado. Olhar curioso e miúdo. Deus quis que ele ficasse em nossa memória para sempre como um menino. E sem querer, ele nos uniu e nos deu uma lição: que tudo o que precisamos na vida é de amor. Em todas as suas formas, mas principalmente na mais pura delas: o amor da família.

Onde quer que ele esteja, estará hoje comemorando o seu aniversário. E nós devemos comemorar com ele.

K

Postado em 15/02/2009

Esnoba



[Banda Moinho - Esnoba]

Rodrigo não gosta da Lan Lan... eu não emito opinião. Mas eu gosto da Emanuelle. O show em Salvador foi muito bom, embora eu tenha assistido trepada na arquibancada na arena... ficou difícil sambar... não sabia que tanta gente gostava assim da banda. E olhe que foi quase na mesma hora de Alanis. O CD é todo muito legal.E essa música é muito fofa... eu fico rindo só imaginando o cara fazendo cara de "dexxxtá que eu te pego!"...

Hoje tem Lenine aqui em Aracaju, na praia, de graça. E eu tô doente. Mas eu vou viu mãe?? Nem me ligue enjoando. :-P

Postado em 12/02/2009

Movida à música



Comecei a perceber alguns padrões de conduta em mim que me fizeram escrever esse texto sobre a minha relação com a música. Tenho 107 vídeos adicionados no Orkut. Até este momento. Fechei a janela do youtube, minha TV, para não adicionar mais. As faturas dos meus cartões de crédito é 87% de compra de DVDs, alguns ainda no plástico. Tenho 5 mp3 players e todos com capacidade quase esgotada. E percebi que o meu blog tem mais posts com dicas de vídeo do que com poesias ou textos meus.

Sou “movida à música”. Vai ver que é por isso que meu falecido celular da Vivo era Sony Ericsson. Sim, perdi meu celular. Aliás, perderam pra mim, mas já providenciei outro. E pasmem... com mp3 player lógico! Durmo e acordo ouvindo música. Não importa qual. Confio no meu gosto. Tirando Cláudia Leite, só ouço em minha casa músicas com as quais eu me identifico. Acho que é de família isso de gostar de música. Meu pai não se separa do seu ipod. E eu já faço gosto ao coroa quando apresento algo que ele ainda não conhece.

Desde pequena eu me conheço assim. Meu mais antigo registro na casa de meu avô, em João Pessoa, é gravando uma fita cassete no inovador aparelho de som com microfone. “Pai, deixa eu cantar mais uma!”... e assim ia eu arriscar a minha performance de Dona, do Roupa Nova. Aos 6 anos de idade. Fofinha e ritmada. Depois, ganhei uma radiola amarela que hoje vale um bom dinheiro. Não parava de rodar.

Não lembro com quantos anos ganhei o meu primeiro Gradiente. Foi a minha redenção, para o desespero dos meus pais. Como imaginei shows da Xuxa. Eu como paquita claro, mesmo que na época só loiras pudessem trabalhar com a rainha dos Baixinhos. Não importa, na minha imaginação artística, eu era a paquita mais querida, justamente por ser morena. E até hoje canto na frente do espelho. Mas trabalho, tenho permissão pra dirigir e não rasgo dinheiro.

Minha mãe diz: “essa menina, desde pequena, que fica cantando no carro”. Adoro cantar no meu carro. Esqueço dos motoristas ao lado. Canto mesmo. Pra começar o dia, música alegre. Pra voltar do trabalho, música calma. Cada ocasião, uma música. E canto com quem estiver dentro. Banho¿ só com música. Quando eu morava com meus pais, arrastava meu microsystem pro banheiro. Agora que moro só, ligo o home. E canto.

Trabalho ouvindo música. Só me concentro assim. Há uns 2 meses não sei o que é televisão. Não vi ainda o BBB, perdi o último capítulo de A Favorita e só conheço a nova novela das oito por causa dos comentários dos amigos. Em casa, fico com os meus DVDs. Adoro presentear meus amigos com descobertas. Gravo CDs e distribuo. Acho até que sou chata às vezes com essa história de garimpar novas canções. Mas foi assim que eu conheci Amy no final de 2007.

Pra mim, não existe dia sem música. Blues, Jazz, Pop, MPB, Reggae, Stefhany... não importa. Deus me fez com meus ouvidos perfeitinhos e eu aproveito. E estou aceitando indicações, tá...

K

[vídeo da banda Beirut - indicação de uma pessoa que também gosta pouco de música e que deixou de acreditar em papai Noel porque não ganhou um primeiro gradiente]. ;-)

POstado em 11/02/2009

Silêncio e Riso



Minha resposta é meu silêncio,
e minha reação é meu sorriso.
Me transformo em canção, quando preciso.
Quando não, me jogo no chão
e rio... não Rio de Janeiro,
Rio mesmo, em janeiro ou em fevereiro.
Em todos os meses do ano
Para todos os seres que se incomodam
comigo, com o meu dançar da vida.

Vou atrás sempre do que eu quero
porque cada dia mais já sei o que eu sou.
Não sou frases feitas, não me prometo a melhor mulher.
Sou chata, metida, egoísta, mas com quem eu quiser.
Sou de poucos amigos e não me vendo à sorte.
E danço, e rio, e canto, e não me iludo.
Ilusão é perda de tempo. Eu crio.
Crio e recrio a minha vida todos os dias.

Não guardo rancores, não rumino amores.
Ruminar é excesso de ócio.
Eu sou ocupada. Nunca ausente, pelo menos de mim.
O meu silêncio, a minha distância
não me faz menos presente.
Faz-me mais inteligente.
E penso, e faço, e danço, e rio.
Rio mesmo... de quem não é assim.

Kadydja Albuquerque > 10.02.2009

New Soul



Adorooooo dar dicas... tem gente que acha que eu deveria parar de recomendar boas músicas e investir na análise de clipes toscos. Fiz sucesso, é isso... voltarei a analisar Stephany, claro. Ela é a minha diversão de todas as noites agora. Mas agora eu vou indicar a Yael Naim... uma cantora francesa de nascença, mas que mora desde criança em Israel. Mais sobre ela.. joga no google! kkkkkkkk

Enfim, enjoy.

Já me perguntaram como eu fico achando esse povo. Vou revelar:

1) Assino a Rolling Stones e quando lembro dou uma entrada no site da revista: rollingstone.com.br

2) Navego pelo lastfm.com (muuuuito bom!)

3) Deixo ligado o musicovery.com (quem não conhece, por favooooor acesse!)


`POstado em 10/02/2009

K

Laiá laiá (sorria!)



Como viver a vida sem sorrir? Pra mim é a mesma coisa que acordar de manhã e não tomar uma xícara de chá bem quente, beijar meus gatos e ligar meu home theater. É como dormir sem o terço na mão, sem agradecer a Deus pelo dia e pedir proteção pelo próximo.

Sorrir é entender que tudo na vida é degrau. Faz parte de uma escada que acaba muito mais longe do que nosso pensamento pragmático pode mensurar. Sorrir com a boca, com o olhar, com as mãos, com a alma. Sorrir mesmo que o dia nasça cinzento, que o corpo esteja cansado, que os outros esperem seu olhar lânguido.

Sorria ao desconhecido para que ele não te assuste. Sorria ao imaginar quantas viagens você pode fazer sozinha ou com os seus amigos. Sorria ao escolher o filme que você quer assistir jogada no sofá comendo pipoca e leite condensado. Sorria quando seu animal de estimação te pedir carinho. Sorria ao ouvir uma música que te lembra um bom momento. Sorria ao ler um livro de Clarice Lispector. Sorria com um telefonema da sua mãe. Sorria quando o sinal estiver fechado e você tiver tempo para voltar aquela música que te faz cantarolar bem alto.

Sorrir não é só o melhor remédio... é também a melhor chave para o novo.

Boa terça!

Em Aracaju: céu azuul claro...

[foto: é de manhã na orla de Atalaia... domingo passado. By Theo Mirrot]

Postado em 10/12/2009

Amor Meu



Dizem que o novo clipe de Beyoncé Knowles, "All the single ladies", é o vídeo do momento. Até Justin Timberlake gastou seu precioso tempo parodiando o videoclipe. Realmente é muito bom e tal, mas ninguém supera a revelação da música brasileira - Stephany.

A pedido de Rodrigo, que está gargalhando há 47 minutos, vou fazer uma análise do seu melhor videoclipe - Amor Meu. Colocarei em tópicos e na sequência para que vocês possam acompanhar assistindo a esta obra prima da indústria audiovisual brasileira.

1) A abertura já é um sucesso. "Pra se apaixonar", de fato, é o texto mais coerente no momento. Eu estou apaixonada pelo talento de Stephany. Amor meu é um divisor de águas em minha vida;

2) A roupa dela é qualquer coisa de... indescritível. Provavelmente, quando ela gravou este videoclipe, devia fazer muito frio no CE. A bota... bem, a bota... não consigo comentar;

3) Reparem que logo na primeira cena tem uma senhora, um homem e duas crianças compondo o cenário. Lindo, casual...

4) Depois as dançarinas entram... de repente! Tem uma menina de blusa laranja, logo atrás dela, que entra "patinando"... coitada... é difícil mesmo andar de salto em uma rua com paralelepípedos.

5) Faltou ensaiar um pouco mais a coreô com as dançarinas. A menina de preto, entre as duas de blusas laranjas, deve ter ido substituir alguma impossibilitada no momento. Ou seja, comprometeu a produção.

6) Discretamente, Stephany vai emplacando seus patrocinadores. No vídeo, aparece a faixada de uma casa rosa com o nome Kathleen Presentes. Mas a loja está fechada. Uma pena...

7) Blusa laranja é uma tendência nesta cidade. Percebam que na cena em que ela está esperando pelo Amor Seu na pracinha, aparecem 123 pessoas de blusa laranja. Ok, tô sendo chata né? Mas é que laranja é um cor marcante. E eu não consegui deixar isso passar.

8) Agora, me digam, quem é que fica numa praça de cidade do interior, de minisaia e bota, andando pra um lado e pro outro com cara de choro, esperando por alguém? Stephany fica. E não se incomoda com a praça inteira olhando. Ela devia ter marcado em frente a Kathleen Presentes.. pelo menos estava menos movimentado. Não ia passar por esse vexame.

9) Agora a melhor parte: "4 horas deu e ainda não consegui dormir"... Rodrigo fez o melhor comentário: deu 4 da tarde né? porque tá um sol da porra no quarto!

10) Como se não bastasse o sol e os espelhos no quarto, às 4 da manhã, Stepanhie sai debaixo do lençol vestida com uma cinta liga branca. Me digam de novo, quem é que dorme sozinha usando uma cinta liga? Stephany dorme, e maquiada.Confesso que me deu dó da bichinha esperando pelo amor seu, de cinta liga branca, num quarto de motel. Derrota? não não...

11) Finalmente o rapaz chega e ela corre para abraçá-lo já sem a meia branca, que ela estava há um segundo vestida.

E tudo acaba com uma guerra de travesseiros.

Sinceramente fantástico. Não tenho mais nada a declarar.

K

O que há (Álvaro de Campos)

(uma flor no asfalto... assim me sinto. cansada, mas não vencida.)

O que há

O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)

Imagem retirada de http://3.bp.blogspot.com

Postada em 06/02/2009

Saudade



Hoje acordei com uma mensagem do meu pai: Meu papel de parede! E em anexo uma foto do computador dele no trabalho. Era eu na foto... E todo o resto do dia seguiu sem tanta importância assim... apenas um tema em minha cabeça: a saudade.

"Minha alma tem o peso de uma saudade". Clarice Lispector.

A minha, cara mestra, tem o peso de várias. Convivo com a saudade como quem já se acostumou com um zumbido no ouvido. Em alguns momentos incomoda como uma dor de dente. Nunca passa. Saudade não se mata, fica sempre lá, ou aqui. Diminui, mas volta, e é sempre anunciada.

Saudade de filha, de irmã, de mulher, de amiga. Saudade é efeito da solidão. Estar só, mas não por inteira, muito menos tranquila. Estar consigo mesma e lembrar da ausência de quem se ama e por quem se é amada incondicionalmente.

Saudade é reflexo da perna quando o martelo encontra o joelho. Basta uma decepção, um problema no trabalho e vem a saudade de colo. Retorno às carências, à necessidade materna, à lembrança de quão cara é a escolha de estar longe. Porque sempre é escolha. E a saudade bate à porta para cobrar.

Também tem a saudade do que ainda não se viveu. Saudade dos castelos desconstruídos nas horas dos dias, nas passagens das noites. Ausência do que se anunciou como futuro e foi embora sem virar presente. Falta de acesso, falta de pulso. E para quem sempre escolhe e não foge da luta, a saudade vai virando coragem. Casca que reveste a alma e conforta.

Saudade não passa, mas o tempo sim. E isso basta, por enquanto.

Kadydja Albuquerque > 06.02.2009

[eu e minha mãe, minha maior saudade] [você tbm paaai!]

Alanis >> you live, you learn!



Mais um show internacional na minha lista: Alanis Morisette, ontem, no Festival de Verão em Salvador. Eu e Milena, minha fiel escudeira para shows internacionais, saímos de Aracaju e nos jogamos pela linha verde até a capital baiana. Não, não tenho UM Cd de Alanis no meu carro, mas fomos ouvindo Bob Dylan, Amy, Lauryn, Gun’s, Ben Harper...

Enfim, o que interessa mesmo é contar do show. Todo ano eu vou no Festival de Verão. Ano passado eu fui assistir Ben Harper, na pista, e o vi do tamanho de um chaveiro. Derrota. Esse anos compramos o camarote da Pepsi na esperança de ter um acesso melhor para assistir Alanis. Super. Tinha 543 mil pessoas só no camarote e o povo um pouco estressadinho. Eu me senti no TCA em abertura de turnê de Maria Bethânia... todo mundo tenso guardando seus lugares. Gente que não sabia cantar uma linha de Alanis, mas tava lá, desde 4 da tarde esperando Victor e Léo. Super de novo.

Aí eu aceitei não conseguir ver o show de Capital Inicial. Só pelo telão já bastava. Até tentamos ir lá embaixo na hora que ele cantou “Mulher de Fases”, do Raimundos. Inviável. Era tanta gente que chegava a dar desânimo. Mas festival tem dessas coisas, então borá lá. No intervalo entre Capital e a moça, nós tentamos nos posicionar em um lugar que desse para enxergá-la. Foi preciso ouvir uns desaforos de casais e de algumas meninas, que depois descobri serem de Aracaju. Conseguimos.

Como nós já sabíamos o setlist inteiro, não tivemos muitas surpresas. Isso não impediu de gritar nas melhores músicas. Se estávamos lá, íamos tietar. Ela abriu o show com Uninvited e eu estava só nessa hora porque Milena resolveu ir ao banheiro e comprar cerveja. Brigaaaaaada!

Sorte que fizemos amizade com um pessoal de Salvador: um casal cuja mulher chorou do primeiro ao último acorde e o rapaz era a cara do Victor ou do Léo (não sei qual é qual, sorry); uma menina que foi pra pista VIP do show de Madonna em Sampa; e Adolfo, baterista de uma banda cover do Offspring – “sucesso do you tube”. :-P Eles me acolheram até Milena retornar. E depois viramos amigos de infância que passaram a adolescência ouvindo Alanis.

A voz começou a faltar no refrão de You oughta Known. Tinha um gringo do nosso lado que ficou impressionado com nossa dedicação em cantar as letras. “Sou de alemaña”. “Ok, Nice to meet you”. Agora deixe a gente ver o show. Antes, ela cantou Hand in my pocket e Head over feet. Na primeira, ri sozinha lembrando de eu e Rodrigo fazendo a coreografia dessa música. Rod devia estar lá conosco... mas estava no ofício em Pirambu. Na segunda, quis virar “de cabeça pra baixo”, mas não tinha espaço, então apenas dancei e cantei discretamente...

E aí show vai, Milena vai, show vem, Milena volta, e ela cantou a sequência que estávamos esperando: You learn, Ironic e Thank You. Já sem voz, com lama nos pés, eu agradeci de novo a Deus por estar vendo aquilo (a primeira vez foi em Madonna tá¿). Foi lindo, foi forte, foi surreal, foi mara. Não chorei não. Preferi sorrir e pular. Alanis estava linda, feliz, simpática e deu um show, sem falar no trabalho aos câmeras que tentavam filmá-la. Ô pessoa que corre, roda, cai no chão! Nem parecia estar abalada por seu ex tê-la trocado por Scarlet Johanson. Nem deveria mesmo. Sou mais Alanis. Humpf.

Quando acabou fomos assistir o restinho do show da banda Moinho. Ouvimos Esnoba e fomos embora comer no Mc Donalds da Pituba, e ficar na varanda de casa relembrando os melhores momentos. Victor & Léo e Psirico¿ É, não foi dessa vez...

Hoje minha mãe me liga e diz que já comprou meu presente de aniversário: o ingresso do show de Radiohead e... dos Los Hermanos! Tudo bem que meu aniversário é só em julho, mas não faz mal. O problema é eu me acostumar com esse lance de ir para shows internacionais... é um investimento pesadinho, viu¿ Mas vale a pena, sempre. Já vi shows de Foo Fighters, REM, Gun’s Roses, Silverchair, Beck, Oasis, Orishas, Ben Harper, Madonna, Britney Spears (sim, é verdade!), Five (juro!), N’Sync (derrooota!) e agora Alanis…

Um dia será a vez do Coldplay... não desisto nunca.

Boa semana para todos!

Vídeo da Globo com a abertura do show de Alanis. No meu Orkut coloquei outros. Kisses.

Postado em 02/02/2009

Verdade, Coragem e Espírito

Entre todas as coisas: Eu.
Entre todas as escolhas: a paz.
Entre todas as virtudes: a verdade.
Entre todas as redenções: o sorriso.
Entre todas as falácias: a promessa.
Entre todas as riquezas: a fé.

Entre todas, não estou. Sorry.
Entre ondas, a coragem. Frankly.
Entre cartas marcadas, o destino, my dear,
que não é pra mim, que não faz parte do meu.
Retiro-me do que não é autêntico. In fact...
Entre mentes e mentiras
aqui estou eu.. Next step!


Meu espírito sorri
e já nao preciso provar mais nada.
Porque tudo nasce dentro de mim.


<< not a cloud in the sky >>

Alkady, 29.01.2009

Recado pra minha irmã



À vida, minha bela!
Ainda que cinza ou amarela
ainda que dura ou singela
ainda que Ingrid ou Lella
ainda que ela, ah ela!

À sorte, minha flor!
Mesmo que riso ou dor
Mesmo que perdão ou rancor
Mesmo que frio ou calor
mesmo que for, ou que seja.

Só viva bem forte!
Perdida ou com norte,
com foco ou à sorte,
ainda que ela, ah ela...
mesmo que for, ou que seja...
para renascer, a 'morte'.

De todas as certezas, quero esta: de que pode me faltar tudo, menos as palavras e o amor da minha família.

Kadydja Albuquerque > 29.01.2009

[Foto: momentos em Buenos Aires.. maio 2008].

Radiohead e Los Hermanos - eu vou!



Já tinham me dito que o Los Hermanos poderia abrir o show do Radiohead no Rio. Guardei a informação, mas desconfiei. E hoje quando eu recebi esse e-mail... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! Sem palavras....

Eu já estava com 85,3% de certeza em ir ver o TOM, mas agora que eu poderei rever o Amarante... 112%!!! Espero que o Coldplay adie essa vinda pro Brasil e eu não tenha que comprometer o meu orçamento familiar. Gente, imagina o quanto eu não vou chorar nesses dois shows? A pessoa mais retardada do mundo... vou pedir um patrocínio a Kleenex.

Mami e papi, adoraria ganhar o ingresso de presente. Eu mereço, não? Nunca pedi nada... kkkkkkkkkkkkkk Show me your love! :-)

É isso... sonho se realiza. Depois a gente vê como paga... Daqui a 3 dias estarei em Salvador para assistir ao show de Alanis no Festival de Verão. Não é tão sonho assim, mas eu não poderia perder a moça que compôs "You oughta know" e, melhor... vai cantá-la no show! Ainda mais com casa e comida. A roupa eu lavo aqui mesmo. Estou empolgada. Saudades daquela terra que eu quase não vou! :-)

Ah sim! Como não poderia deixar de ser, na Bahia tudo é possível. Alanis não será a única atração da noite. Fora as piriguetes autênticas que nunca sentem frio, prometem agitar muito as bandas Olodum, Capital Inicial, Psirico e a dupla Victor & Léo. kkkkk ficou parecendo notinha de coluna social. Levo jeito. Mas esse aí é outro tema, como o fascínio que estou agora pelo meu novo brinquedinho: meu blackberry... carinhosamente chamado por blackbeee! Amo a sociedade da informação e a mobilidade do séc. XXI. Later, later...

Vou dormir! Au revoir!

Quem sou eu...

Quem sou eu...

Às vezes sou de osso
pesa a carne, curva o dorso.
Quase sempre sou mais alma
reviro sonhos, conquisto calma.

E nunca deixo de ser coração
erro de endereço, cobro pensão.
Pra viver, nunca adormeço.
Pra sofrer, escolho recomeço.
Se eu quero, viro do avesso
Sou assim, e não tem preço.
Não cobro entrada, ofereço.
E se o show acaba, esqueço.

Sou janela, vivo em ciclos.
Perco freio, me reciclo.
Acelero no que me dedico,
mas não fico. Não, não fico
esperando o tempo.

Quem sou eu? Já não importa.
Entrei sem bater na porta.
Lá em cima me fizeram torta,
e me mandaram pra cá assim:
"Vá. Sem culpas".
E eu vim.

Kadydja Albuquerque > 27.01.2009 (depois de um período de crise criativa)

Olha ela de novo... ela sempre volta e me invade. Visceral, me dilacera. Palavras, palavras: por que me escolheram em forma de poesia? Já estava com saudades. Welcome back! :-D

Ah! Já estou no projeto do meu livro... aêeeeeeeeeeee! Daqui pra 2011 sai...

Mia Couto



"Acendemos paixões no rastilho do próprio coração. O que amamos é sempre chuva, entre o voo da nuvem e a prisão do charco. Afinal, somos caçadores que a si mesmo se agazaiam. No arremesso certeiro vai sempre um pouco de quem dispara".

Mia Couto em Cada homem é uma raça. (o meu livro número 1).

Diferenças



"Época triste a nossa, mais fácil quebrar um átomo do que o preconceito!" (Albert Einstein)

Viva la Vida



[Viva la Vida - Coldplay]

Eu tava lendo na Rolling Stone que eles iniciaram a turnê e planejam vir ao Brasil em março. Se isso for verdade, não posso mais perder. Já seria a terceira vez que eu tenho a oportunidade de ir a um show do Coldplay e não vou. Logo eles, uma das minhas bandas preferidas. A primeira foi no Rio de Janeiro e eu não fui porque estava sem grana. A segunda foi em Lisboa e eu não fui também porque estava sem grana. Só que agora não tem grana que me impeça. ;-) Se for em março mesmo, abro mão do Radiohead. Fácil, fácil. É só pensar que eu vou ouvir o Chris Martin cantar Yellow, Shiver, Trouble (ok ok não é a turnê do Parachutes, mas eles cantam viu?). Pronto, desculpe Tom (Yorke), mas fica pra uma próxima.

Esse clip é ótimo e a música nem se fala. É canção pra se ouvir no carro a 120 km/h, cantando com as amigas. Boa quinta-feira!

keep_walking >>>

You sent me flying



Segunda faixa do primeiro Cd de Amy, "You sent me flying" é a minha música preferida para meus "percursos aeróbicos". Neste vídeo, uma versão menos dançante, mas não menos contagiante.

Adoro revisitar as minhas músicas preferidas porque me lembram momentos em que os caminhos são sempre coloridos, e nunca cinzas. Renovam e mostram que a vida é sempre plena, independente de Saturno transitar pelo meu dias, descompassando as minhas horas. Hoje eu acordei sorrindo porque me lembrei de um episódio de ontem. Eu estava super chateada voltando do trabalho e parei no sinal de trânsito. Um rapaz se aproximou e me perguntou se eu estava triste. Falei que sim, e então ele disse que queria me dar um presente e que o pagamento seria meu sorriso. Não era um preço muito fácil, mas dei. Ele segurou na minha mão e me deu uma oração. No final, me disse: "toda dificuldade é uma oportunidade de crescer. E hoje eu sou um homem mais feliz, porque te vi sorrir. Vá e siga o seu caminho".

Numa hora dessas eu fico pensando nas pessoas que não acreditam em encontros. Não falo de encontros marcados, mas de acasos. Viver pode ser muito difícil, mas é uma questão de escolhas e de coragem. E esses momentos nos provam isso. A coragem reside em aceitar o que você é e as consequências disso. Mas não é simplesmente aceitar, é sobretudo entender-se em seus erros, em suas limitações, e a partir daí ter coragem de fazer diferente. Não é qualquer pessoa que tem coragem de reconhecer isso e muito menos ir para a etapa seguinte: fazer suas escolhas e se abrir para o desafio. Como na campanha da Claro, escolha qualquer coisa, mas escolha. E a partir daí, faça por onde tudo dê certo.

Eu escolhi ser feliz. Eu escolhi amar os meus amigos, a minhas família, as minhas paixões. Eu escolhi que meu coração é maior do que tudo que tenta atingi-lo. Eu escolhi que SOU bem maior do que todos que um dia pensaram ter poder sobre mim. Eu escolhi a liberdade de dizer, de sentir e de deixar de sentir também. Eu escolhi a vitória de poder caminhar sem olhar para trás. Eu escolhi não dar ouvidos a intrigas. Eu escolhi acordar pela manhã e sorrir. Eu escolhi dançar sem música. Eu escolhi me permitir momentos de tristeza, como ontem, mas apenas para acordar hoje e me sentir melhor. Eu escolhi rir de mim mesma. Eu escolhi aceitar o que o universo me traz. Eu escolhi não ter medo. Eu escolhi compartilhar o melhor de mim. Eu escolhi confiar. Eu escolhi que ainda vou fazer muita besteira em minha vida, mas o que restará será genuíno. E meu. Eu escolhi que amanhã posso mudar de idéia. Escolhi que sou como qualquer outro ser humano: transitório e frágil. Mas sobretudo, eu escolhi me permitir.

O resto eu deixo que a vida escolha. Ou seria colha? ;-)

Relembrando um dos meus versos:

Cada sol que se põe, cada lua que nasce
é como se a mim me contasse
que sempre há um caminho
nessa vida em desalinho.

Au revoir!

Al-kady.

Defeitos

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro" (Clarice Lispector).

Entre o anseio e o mar

Não tem nome o que eu quero
ou talvez venha a ter, espero.
Não houve poetas, escritores
profetas, cantores
que já tenham definido o meu desejo
nesse cortejo da vida.

Liberdade é pouco, Clarice,
mas o que é ser livre
quando na prisão dos anseios
o tempo vira comparsa do medo?

O amor começa tarde, Drummond,
mas o que é tarde
quando na visão dos meus receios
o tempo congela as horas
e tudo vira cedo?

Se o poeta é um fingidor, Pessoa,
eu não finjo dor, finjo esperança
sensação latente que às vezes me visita
e planta a semente que quase define
o que eu quero entre a liberdade
e o amar. O que eu espero entre o
anseio e o mar...

[Nada como começar o dia com chuva e mar Riso]

Boa sexta-feira para todos! Hoje tem Verão Sergipe e eu decidi que terei o melhor de mim!

POstado em 16/01/2009

Machete: mais um pouco do show...



Silvia Machete no mesmo show - 2 hot 2 be romantic... melhor música dela. A resolução da máquina está ruim porque eu não sei alterar! :-P Mas dá pra sentir...

postado em 15/01/2009

Wando e Machete



Participação do Wando no show da Silvia Machete, que eu fui na terça, dia 13, no Teatro Rival / RJ.

Encontro com o passado



Adoro quando o dia acontece sem ser anunciado. Ontem fui ao Rio de Janeiro para uma reunião de trabalho. Nada além disso estava proposto em minha agenda. Como o meu vôo de ida era na madrugada, fiquei acordada com medo de perder o vôo. Como companhia, este laptop, coca-cola e meu DVD de Silvia Machete, que tocou três vezes.

No táxi a caminho da reunião, vi um cartaz anunciando o show dela para o dia 13. Sim, ontem foi dia 13. Fiquei eufórica, não poderia perder essa oportunidade. E não perdi, saí da reunião e exercitei a minha intimidade com a cidade carioca. Fui sozinha ao Teatro Rival assistir à estréia de "Eu não sou nenhuma santa".

Comprei uma cadeira na mesa 014. Venci minha timidez e sentei com um casal de senhores. Eles puxaram assunto, fomos nos conhecendo, mundo pequeno, adoram Aracaju, mas preferem as praias de João Pessoa. Normal, eu tava um pouco mais preocupada em assistir logo ao show para encontrar com o resto da trupe em Copacabana. O show foi fantástico como eu já esperava. Registrei ao máximo em minha máquina e em minha memória. Mas talvez essa não tenha sido a maior experiência desta viagem rápida.

Antes de entrar no teatro, andei pela praça da Cinelândia. Lembrei de alguns poucos fins de tarde que passei no Amarelinho. Deu vontade de tomar um chopp, mas preferi uma coca-cola na banca de revista em frente. Observei os pombos, os desocupados, os cansados de um dia de trabalho. Vi o consulado de Portugal, e recordei das minhas manhãs de esperança atrás de um visto que nunca chegou.

Uma flâner na cidade em que já foi sua casa. Mexeu, e sempre vai mexer. É no mínimo intrigante retornar ao Rio sem me sentir insegura diante da cidade e do que ela não pôde me oferecer quando eu a escolhi como morada. Ainda aperta o peito passar por botafogo e lembrar das manhãs que viraram noites, das tantas vezes que dormi vendo os braços abertos do Cristo desanunciando qualquer caminho novo para mim naquele lugar.

E passear sozinha pela Cinelândia me conectou às tardes que eu desfilava pelo Baixo-Rossio, em Lisboa. Ainda que você tente vagar sem pensamentos, o cérebro sempre te convida às associações. E lá estava eu, dialogando com o passado.
Percebi que são momentos de paixão, de flerte com uma cidade. Ofereci-me ao Rio e a Lisboa como quem se oferece a um hipotético amor. Você deixa que a cidade te engula, te mostre seu corpo de ruas, seu cheiro, seu humor. E você, deslumbrada com o que pode se tornar, envolve-se, lança-se, até que já não haja mais reciprocidade. E se vai a procurar abrigo em outro lugar.

E o retorno é sempre silencioso, cúmplice, tenso. O reencontro é um convite ao flashback que não pode mais existir. Não porque não valha a pena, mas por não ser mais você a mesma. Em cada cidade que morei, deixei um pouco de mim. Voltei de Lisboa sem a coragem da juventude. Deixei no Rio a improbabilidade das madrugadas. Retornei a Aracaju para ser madura e fui me perdendo. Troquei as paixões urbanas pelo casamento com a minha terra-natal. Refiz-me focada no futuro. E enquanto o foco não vira sufoco, assim continuo.

E vou concordando cada vez mais com a Clarice, "viver ultrapassa qualquer entendimento".

Postado em 14/01/2009

Entre atos



[foto by me.]

Entre os dias que passam
tem as horas que caçam
um minuto de sorriso.

Entre as noites que brindam
tem os sonhos que findam
o que não tem começo.

Entre os ventos que embalam
tem os sons que calam
meus segundos de grito.

Entre as nuvens que evocam
tem os pássaros que provocam
minha estranha liberdade.

Entre atos, passam fatos,
anunciando um novo dia
caminho do tempo, relato
construo em mim poesia,
que renasce como um sopro
de vida, nunca de morte,
que me lança ao destino
e sua inevitável sorte.

Kadydja Albuquerque > 09.01.2009

Todo o sentimento



Clarice, a minha melhor auto-ajuda...

"Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece, como eu mergulhei.
Pergunte, sem querer a resposta, como estou perguntando. Não se preocupe em "entender".
Viver ultrapassa todo o entendimento."

[Foto em Ponta de Areia - BA]

"Cabeça em pé de guerra mansa"



Acordei hoje no finalzinho da minha TPM e foi bom vê-la passar assistindo o DVD de Partimpim. Ela foi embora tão depressa que nem precisei mais chorar. :-) Depois eu vou escrever sobre a minha TPM e as coisas extremamente importantes que me fazem chorar, como uma conexão de internet lenta. Eu queria colocar aqui "Saiba", mas não achei no Youtube o vídeo do DVD, só aqueles clipes com imagens de nascer do sol, pôr-do-sol, cachoeiras, montanhas, gatos que se abraçam, crianças correndo no campo, casais de mãos dadas na praia e que no final sempre terminam com uma foto do Himalaia. Enfim, vocês devem saber o que eu tô dizendo.

Rehab (TPM Off!)

Minha TPM passou... ufa! Saudades dessa moça que está fechando no Caribe. Minha dica de hoje já é mais do que conhecida. ;-) Sempre é bom ouvir essa música, o melhor arrocha de todos os tempos! Amy canta Rehab em David Letterman.

O que te faz sofrer (o que sai de uma TPM)

O que te faz sofrer de mais¿ Não é a crise, tampouco a fome mundial. São as horas. Lentas, atrapalhadas, mesquinhas. O que te faz sofrer é a distância tão próxima do desconhecido. Não é tensão, é descrença. O que te faz achar que viver faz mal são as pessoas que não vivem. O que te faz chorar num canto qualquer são os lugares que apenas visita em seus sonhos. O que te provoca náuseas é a raiva de se sentir impotente diante do mundo, menor diante de tudo. Sofrimento barato. De nada valem suas lágrimas com prazo de validade. De tudo vale o seu cinismo quando olha pra trás e sente que passou. O desespero passou porque nunca existiu. O que te empurra pra esse ciclo são castelos mal construídos. Não há tijolo em suas paredes. Só há espetáculo, holofotes, bobagens, bobagens. Nada e tudo te atinge. Ninguém e todos te alcançam. E você corre olhando pra trás e cai porque não fita as pedras. Nenhuma e todas são melhores que você.

O que te faz sofrer demais é essa incompetência em encarar a vida. Ninguém ri de ti, porque você sub-existe. E vai sumindo cada vez mais. Desaparecendo pra ninguém notar o que já nem é visto. O que te faz se sentir vítima é porque tem que engolir a seco cada um dos seus dias enfadonhos. Uma planta em forma de mulher, que os anos vão tratar de murchar e moer. Por enquanto, resiste ao vento e finca suas raízes em solos inférteis. Por enquanto, os dias estão nublados e o sol não vai te fazer sentir mais viva. Aceita, imóvel, apenas assista a vida passar e não incomode a paisagem. O que te faz sofrer é saber que no meio de tantas flores, de você só brota espinhos. E é só que vai brotar enquanto você não olhar apenas pro seu umbigo, como todo mundo.

Al-kady, 03.01.08

Novo, de novo



[postado em 30/12/2008]

ano novo,
que trazes de diferente?
que prometes para as almas
esperançosas com a tua chegada?
trazes a solução pra essa gente
que já não aguenta a caminhada?
prometes acalmar o coração
dos doentes, dos indigentes,
dos dementes?
ou é tudo conversa fiada
de que os astros se conjugam
em uma nova era?

cada ano que se torna novo
enche de esperança esse povo
e quando velho se anuncia
nem lhe dispensam a nostalgia
porque um novo ano chega alardeado
de energias, de promessas,
de solução para o passado
traz o futuro em promoção
vai, esquece tudo! esvazia o coração!
e de novo, ai que bobo esse povo
tudo acontece
tudo permanece...


Enfim, Feliz Ano Novo ainda assim.

K

Face it, she's madonna!



[Priscila, eu, Rod e Milena na frente do Maraca... a chuva ainda tava leve ...]

Eu nunca fui fã da Madonna. Não daquelas fãs que compram CDs, acompanham as notícias sobre sua carreira e sua vida, e sabem todas as músicas. Sou daquelas fãs contidas, que admiram a Madonna por ser leonina, guerreira e ter conquistado o posto de maior diva de todos os tempos. Não tenho um único CD, apenas o DVD de Confessions Tour que eu copiei de Rod, esse sim fã genuíno da moça.

Minha lembrança mais antiga de contato com a música dela remete a 1992, quando eu e minhas primas ouvíamos uma fita cassete com sucessos como Like a Prayer, deitadas em um colchão na mala do carro de meu tio numa viagem eterna para Recife. Foi essa fase de Madonna que mais me impressionou, mesmo que eu ainda não entendesse uma linha do que ela cantava.

E embora eu não tenha inserido uma música sequer da diva na trilha sonora da minha vida, lá estava eu sábado indo ao Rio de Janeiro para assistir o primeiro show da turnê Sticky & Sweet Tour no Brasil. A famosa "pilha podre" funcionou comigo e eu me rendi à experiência. Pensei: "não pode ser ruim, afinal Madonna é Madonna". Acertei. Hoje, de volta a Aracaju e já recomposta, repito com a certeza de quem comprovou o poder dessa leonina: "Madonna é Madonna, mesmo!".

Chegamos ao Maracanã três horas e meia antes do show. Achei que estávamos exagerando, afinal será que ia ter tanta gente assim esperando pela abertura dos portões¿ Sim, tinha, e ainda na chuva. A fila para a arquibancada dava meia volta no Maraca e foi difícil achar o final. Compramos logo capas de chuva pra não estragar a produção. A massa virou uma multidão plastificada de fãs e curiosos que aguardavam na fila o momento de entrar e dar de cara com o imenso palco.

A sensação de entrar no Maracanã depois de 2 horas de espera foi surreal. Ainda estava claro e lá da arquibancada deu para ver toda a mega estrutura da turnê. Melhor ainda foi entrar ao som do Paul Oakenfold, um DJ londrino que acompanho desde a minha época de desempregada no Rio de Janeiro. A notícia de que seria aplicada a lei seca durante o show fez a multidão beber tudo que podia antes de entrar no Maraca. Então, tire por aí o estado da galera quando chegou no local. O melhor foi descobri que não havia lei seca coisa alguma. Se você tivesse coragem de dar R$ 6 em uma lata de Skoll, poderia beber à vontade.

Nada mais justo diante de um cenário um tanto desanimador para um ser humano que tivesse de esperar três horas e meia por um show na chuva. Ou bebe ou surta. O preço era meio indigesto, mas diante do pacote de Ruffles por R$ 7 e do cachorro quente por R$ 9, a Skoll era o artigo mais atraente do evento. Enfim, se estamos aqui, vamos pagar, beber e esquecer.

Da arquibancada tínhamos a melhor visão panorâmica do show, e foi isso que me fez sair de lá impressionada. O show começou meia hora depois do marcado (nada mal para padrões brasileiros) e a chuva aumentou mais ainda quando a diva gritou: "Hello Rio de Janeiro!". Ok, talvez o frio tenha contribuído, mas nessa hora eu me arrepiei. Eu estava no Maracanã, vendo o show da Madonna, que retornava ao Brasil depois de 14 anos. Olhei pro céu e agradeci.

Ela estava super bem-humorada, mesmo com a queda em "She's not me". Acho que a chuva contribuiu para que Madonna interagisse mais com o público. Os fãs iam ao delírio. Eu saí de Aracaju ansiosa para ouvi-la cantar Borderline e Human Nature, mas confesso que prestei mais atenção no moço que estava ao meu lado. Na hora que ela começou a cantar Borderline, ele desatou a chorar. E pronto, eu me desconcentrei, não conseguia mais ouvir a música e só pensava em como aquele momento representava a realização de um sonho para muita gente que estava ali.

E fiquei com inveja dessas pessoas porque nunca realizei um sonho de ver um artista que eu amasse tanto a ponto de chorar descontroladamente. Ok, o Amarante não conta, tá.... Voltando ao show, o segundo momento que mais me impressionou foi quando ela cantou Like a prayer, aí até eu quis chorar com aquele mundo de gente batendo palmas e cantando o refrão. Lembrei da fita cassete, da mala do carro do meu tio, da minha pré-adolescência, e deu uma saudade. Acho que a Skoll de ouro estava fazendo efeito. E se eu chorasse também nem ia ficar envergonhada tanto assim. Ninguém ia saber se era lágrima ou só o rosto molhado da chuva, que não parou de cair um só instante.

Enfim, Madonna dá um show de performance. Se a chuva deixasse, a multidão ficaria boquiaberta com a qualidade do som, das imagens do telão, o profissionalismo da sua equipe. Quem perdeu, bem, pode conferir no DVD. Eu provavelmente comprarei esse para guardar de recordação desta experiência. Continuo sendo fã contida de Madonna, mas não perco mais um show no Brasil, nem que ela só volte com um banquinho e um violão. Sticky & Sweet valeu cada centavo, ou melhor, cada pingo.

*Quando eu conseguir baixar fotos e vídeos, vou postar um do show...

Publicado em 17/12/2008 em http://alkady.zip.net

Domingo



o dom tá no tom
no bom do som
no som do dom
do domingo, do dia
que mingo.
dom, domingo, mingo,
mim go!

domingo dublado
em dezembro, lembro
do desenho nuvens
das brancas trouxas
de nimbo, e mingo
em dezembro, meu dom
catando o velho som
de um bom poema.

DVD de Chico, cinema
na internet, conversas
sem problema
sem grandes promessas
nada me estressa,
nem mesmo presta.

vai passando o domingo
pra chegar outro dia
quero coisas pequenas
Tv a cabo, monotonia
dia de dom sem faces
sons, enlaces...

Chicos Buarques
e seus versos, lentos
e eu com meus versos, tento
ensolarar dezembro
afastar os nimbos
leite condensado de nuvens

entre marrons e ferrugens
entre sons e domingos
entre os bons e seus dons
o ano vai me cercando
e eu vou encerrando seus tons.

Kadydja Albuquerque > 07.12.2008

Vômito

Meu estômago anda comportado, mas minhas palavras não. Vai ver que é TPM, ou simplesmente perplexidade diante dos outros, televisionados ou ao vivo.

Vai ver que ando sensível mais do que sou. Insensível não serei enquanto puder. Essas palavras são minhas, mas as enxergo em várias bocas, porque esse mundo... vou te contar viu...


Vômito

estranho isso
sentir-se frágil
é troco o que sinto?
é traça quem me rodeia?
virou troço o que vivi?
traço o futuro
no escuro, no escuro.

doloroso o piso
de espinhos que me colocam
colam em mim os olhares
piedosos, singulares
gulosos, me comem de inveja
e veja, vejo a maldade
da vaidade, da vaidade.

reconstruo o riso
sem gritar quando me pisam
peso minha força, maior
forço a minha fé, sem dó
só, me levanto e desdenho
dos dedos gangrenados
desse poder, de querer
o que não se é
o que nunca vai ser.

E eu não vou dar a ninguém o que sou
E na minha cara não verão o pranto
Se me fazem mal, transformo em canto
desafinado como meu caminho
mas não revido, convido
a aprender o que é viver
sem precisar jogar espinho.

Kadydja Albuquerque > 03/12/2008



[Silvia Machete - http://www.silviamachete.com/]

Eu nem dei bola pra ela quando a vi no Jô Soares há alguns meses, mas na semana passada eu estava caçando novos cantores pro meu ipod e vi uma resenha sobre o seu DVD na Rolling Stone. Fiz o percurso já revisitado por mim tantas vezes: RS > Dreamule > letras no vagalume > You tube > Ipod, e gostei. Gravei um CD e ela me acompanha agora no meu carro... minhas caronas já aprenderam até a cantar... né Milena e Nanda? :-P

Eu queria postar o vídeo da música que mais gosto "2 hot 2 be romantic", mas não tem ainda no you tube. Então, segue a versão do DVD para Pé. Bonitinha pro carnaval.
Sem apologias da minha parte...

Baixem o CD, recomendo.

Discurso

Meu discurso não é lírico, é empírico.
Meu Eu não é frágil, é plágio
de todas as coisas testadas e aprovadas
em caminhadas tão minhas
que a minha se torna compartilhada.

Minhas palavras não são novas, são provas.
Minha conduta não é correta, é aberta,
anfitriã de doces descobertas
aprendiz das coisas mais certas
por esses caminhos que me conduzem
à decência de não voltar a ser
o que um dia fui, nunca.

[inacabado... como tudo.]

Kadydja Albuquerque > 23.11.2008

[renovada pelos ventos e cataventos da Bahia]

Eu sou, quem sou eu

Ninguém em sã vivência neste universo sabe quem de fato é. “Quem sou eu” é uma das perguntas mais injustas, e só perde para aqueles questionamentos profundos que mudam as nossas vidas quando somos submetidos a entrevistas do tipo “praia ou campo”, “shopping ou parque”, “perfume inesquecível”...
Tente responder a si mesmo “quem sou eu” e espere a confusão se instalar na sua cabeça. Não há condições de dimensionar tudo que podemos ser. Sou aquilo que carrego comigo neste instante agora, e não necessariamente levarei para os próximos momentos aquilo que fez parte do meu eu há um minuto atrás.
Ah, Kadydja, claro, pensar dessa forma deve ser bem menos angustiante do que tentar responder quem você é. Não, não é mesmo. Mas eu não vim a este mundo para amenizar minhas angústias ou para transformá-las em texto. Eu vim para vivê-las. E cada dia mais eu compreendo que não sou nada do que eu acho que sou. Até que nem há tanta angústia nisso, porque já se sabe. É como meu caro amigo Rod disse uma vez para mim: “Quando sabemos que a felicidade não existe, não nos preocupamos com a infelicidade”.
Não concordo com ele. Acho que felicidade existe, sim. E eu sou feliz. Quem não é feliz, quer morrer, mudar de cidade ou pintar o cabelo com outra cor. Eu adoro viver, estou muito bem em Aracaju (obrigada) e só pinto meu cabelo para esconder os meus fios brancos. Simples assim, como peço a Deus para agir todos os dias. Tô aprendendo. Não tenho vergonha de admitir que erro, mas eu aprendo. Sou disciplinada e faço o dever de casa quando a vida me dá uma lição. Esqueço as notas vermelhas e me concentro nas azuis. É talvez o que me faça estar acima da média. Por enquanto...
E enquanto esta minha vida durar, vou me dar ao direito de não me perguntar quem eu sou. Sou isso, e isso pode ser tudo ou nada. Já tenho referências demais para procurar outras. Tenho um nome, uma data de nascimento, RG, CPF e título de eleitor. Pronto, o resto em mim muda o tempo todo e isso é ótimo.
Aceitar isso é o primeiro passo para parar de se julgar ou de rotular os outros. Eu pouco me importo, agora, com o que os outros são. E não preciso que me definam. Se nem eu sei quem eu sou, e não pretendo saber, não projeto nos outros a esperança de que eles me decifrem. Não saber dizer quem se é não é estar perdido. Eu crio confusões na minha cabeça para tornar a vida mais emocionante, mas lá no fundo eu sempre me acho, do jeito que eu estiver no momento. Talvez seja essa a resposta: eu sou o que eu me permitir ser.

Postado em 21/11/2008

Segundo tempo

A cada dia um passo
até que um dia toda vida passe
E só permaneça o real compasso
dessa lida, em eterna passagem.

As pessoas passam
E eu sempre passo as pessoas
Passar, na verdade, é minha grande missão
que comungo com o tempo
senhor dos passos
e sempre que passa, ele me pede licença

E quando me pede, eu sorrio
porque já sei pra onde o tempo vai.
Sempre sei, até quando minto pra mim
mesma que ele passa sem me notar.

Quando for o tempo
encontrarei as passagens
que cruzam os verdadeiros caminhos
E passarei a limpo as estradas
deste passado
O que sobreviver à razão do tempo
ficará como presente.
O que resistir à ação do vento
deixará de ser futuro.

Até lá, passo a bola, segundo tempo
e me concentro no que posso
no que tenho, no que se fortalece em mim.
No que não passa porque já confisquei das horas.

Kadydja Albuquerque > 12/11/2008

Summertime



De começo já adoro o nome dele: Devendra. Forte, diferente, sem obrigação de ser simples. Gosto dele de graça, desde a primeira vez que o vi cantar. Namoradinho da queridíssima Natalie Portman, Devendra é um grande artista e meu companheiro de muitas noites depois do trabalho à frente deste laptop. Segue um dos vídeos que eu mais gosto. Mas vale a pena assistir aos outros...

Summertime (by Devendra Banhart)

Summertime and the livin is easy
Fish are jumpin and the cotton is fine
Oh your daddys rich and your ma is good lookin
So hush little baby, dont you cry

One of these mornings
Youre goin to rise up singing
Then youll spread your wings
And youll take the sky
But till that morning
Theres a nothin can harm you
With daddy and mammy standin by.

Postado em 20/11/2008

Janta



Aaahh que fofinho... Marcelo Camelo e Mallu Magalhães com a canção "Janta", do primeiro álbum solo do ex-hermano - Sou. O álbum está bonitinho, seguindo uma linha "Pois é", tudo muito introspectivo como o Camelo sabe bem ser. É o tipo de trabalho que você tem de ouvir umas três vezes para começar a cantarolar. Música perfeita para dias nublados jogada no sofá de casa. A Mallu é uma fofiiinha, dá vontade de encontrar com ela e perguntar: "qual o seu nome? quantos anos você tem, hein lindinha?"... de tão meiga que é... baixei até o álbum dela - Som Novo - mas confesso que me dá agonia ouvir a vozinha dela por mais de 10 minutos. Acho que me dá um pouco de medinho... começo a imaginar a voz dela no corpo de Samara Morgan e perco o sono. Parênteses: Samara Morgan é aquela menina doce do filme O Chamado.

Ah, sim! Tá rolando um boato de que eles (Malu e Camelo) estão juntos... será? Enfim, coisa feia... já começo meu dia tricotando... :-P

Um mara dia para todos!

Caminho




Passar é a minha grande lição
mas não passo surda
não fico cega, não vou ser muda.
Fecho a tampa, subo a rampa
e mudo pra não aleijar a alma.

Vou caminhando, sem pena
sem fazer cena, apenas sorrindo
porque só rindo é que minha áurea
canta, sacode o que não serve, e
surdos espanta.
Em cada canto dessa estrada
deixo um pouco de mim
e não me esgoto porque sou plena
coração aberto, nunca pequena
desço do salto, sigo reto
tiro do asfalto as pedras que me põem
na contramão.

Contra mim aceito apenas os fracos
aleijados por não saberem ser.
Pois já não abalam, e calam muito
porque com a alma não falam.
Enquanto a minha fala bem baixinho:

Cada sol que se põe, cada lua que nasce
é como se a mim me contasse
que sempre há um caminho
nessa vida em desalinho.

Kadydja Albuquerque > 15/11/2008

Next Time Around



Rodrigo Amarante e Fabrício Moretti na mesma banda? Coisa linda de Deus! kkkkkkkkkk Aí Camelo, perdeu playboy.

[primeiro clipe da Little Joy - "Next Time Around"].

15/11/2008

Sergipano, ser de pano

A alegria em cada dia
A cada dia um céu azul
Costura nuvens em tecido belo
imenso pano, amarelo
com estampas de caju

Fios fortes, filhos do norte
enlaçam quem vem de fora
desfiam quem vai embora
e embalam as almas tecidas
de quem recomeça vidas

entre poucas jóias raras
entre laços sergipanos
entre oxentes e maras
entre vivos seres de pano.

Kadydja Albuquerque > 06 de novembro de 2008

Moça com TPM

Tem horas que a vida cansa
A fé vacila
O coração amansa
O humor oscila
em uma eterna dança.

Tem tempos que as horas param
O riso some
Os ventos calam
A raiva consome
conversas abalam.

Tem vidas que a gente passeia
O caminho desalinha
Vai colhendo, nem semeia
Erva daninha, eterna peia
E aí não tem que não creia
que cansa menos sozinha.

Kadydja Albuquerque > 29.10.2008

Meus felinos



Eles são meus pequenos... amo!

Visita de papá e Rerê - Aracaju

Poesia e Verdades




[Café Botánico - esquinas de Buenos Aires / maio 2008. Um momento bom de lembrar para começar a semana.] Postado em 19/10/2008

Toda vez que penso em escrever algo para o blog, sempre me vem em forma de poesia. Engraçado isso, pra não dizer inquietante em alguns momentos. E aí eu me forço a utilizar a prosa porque tenho medo de não conseguir mais escrever sem que seja necessário rimar ou procurar construções simbólicas das coisas que penso.

E aí vem um questionamento em minha cabeça: por que eu me pego sempre tentando traduzir a minha vida em versos? A pergunta surge e eu automaticamente a coloco na minha sala de espera mental, onde já residem tantas outras sobre mim. Mas acho que domingo é um bom dia para tentar decifrar posturas inconscientes.

Como não sou algo que valha tanto assim em afirmações, pego frases alheias para tentar entender essa minha veia poética (ainda amadora, mas sempre aprendendo um pouco com “o muito que a vida traz”). Um querido, e temporariamente empoeirado em minha estante, poeta gaúcho escreveu que a poesia é a invenção da verdade.

Se eu quiser resolver essa questão comodamente, apego-me a essa afirmação e está interpretado. Eu invento minhas verdades através do que escrevo, construo sentimentos e edifico a minha vida através de palavras que simbolizam mais o que quero que exista do que o que de fato existe.

E assim, graciosamente sorrio orgulhosa de mim, porque não quero levar dessa vida apenas o que ela me apresentou de real. A minha alma se reconstrói diariamente através do imaginário, do lúdico, das levezas que nos abduzem de uma rotina por demais desgastante. Imaginar é uma forma de alimentar o coração.

Não pretendo perder isso, pois com a minha imaginação se iriam as coisas que me fazem ser bem maior. Se eu perdesse esse conflito intenso entre alma e mente, tornaria meu coração sub-nutrido, perderia a fé, abafaria a intensidade que reside em mim. Sim, intensidade. Não ligo se me interpretam como inconstante, louca, confusa, ou qualquer outro adjetivo tão comum em julgamentos de pessoas que se preocupam por demais com a vida alheia. Sou intensa e nessa única palavra, deposito todas as nuances em mim.

Essas nuances que até há pouco me assustavam, mas que cada vez mais me fascinam. Se eu não as tivesse, talvez passasse a vida numa estrada em linha reta, e de nada teria aprendido. Mas Deus me fez várias em uma só e o meu caminho está longe de ser sonolento. E talvez sejam essas tantas dentro de mim que me fazem escrever de forma tão contraditória.

Poesia, para mim, é auto-conhecimento. Não importa se eu escrevi ou se me enxerguei nos versos de outros. Drummond, assustadoramente poeta, sabe que não há criação ativa na construção de um poema. Há catarse e imposição. As palavras se impõem diante de você, passivo. É mais forte. Quem fica horas na frente de um papel em branco não faz poesia, apenas emenda palavras. Poesia surge dentro, incomoda, pede pra ser escrita, e o parto é rápido porque as palavras já saem casadas da alma.

“...Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo”.

(Trecho de A Procura da Poesia – Carlos Drummond de Andrade).

E quem vai discordar dele? Aqui dentro de mim, ninguém discorda.

Ensaio sobre a cegueira

[postado em 16/10/2008]

Acabei de voltar do cinema onde fui para assistir o filme “Ensaio sobre a Cegueira”, de Fernando Meirelles – uma adaptação da obra do escrito português José Saramago. Confesso que estou um pouco angustiada até agora. Eu não li o livro ainda, e costumo não ler livros que viraram filmes, se eu já tiver assistido a produção cinematográfica. Sempre acho que perde um pouco a graça.

No caso de “Ensaio sobre a cegueira”, senti uma vontade enorme de ler a obra, e já coloquei na minha lista de leituras desafiantes para 2009. Digo desafiantes porque tenho uma pilha de livros em casa para matar antes de gastar dinheiro com novas aquisições. Por isso não passo nem perto de livrarias, pois é algo que me magnetiza. Bem, pelo menos eu tento me convencer que todo livro é investimento. E com certeza é a melhor coisa que eu poderei deixar para alguém, a não ser que os herdeiros sejam apenas meus gatos. Para eles, eu deixo meu sofá.

Voltando ao filme... “Ensaio sobre a Cegueira” é ao mesmo tempo aterrorizante e belo. A trama envolve e angustia, arregala os nossos olhos, provoca inquietação, raiva e, sobretudo, reflexão sobre o que Saramago e Meirelles, cada um na sua arte, tentaram passar com essa estória tão intensa. Não sei do livro, mas o filme nos prende a atenção, tem ritmo, e nos possibilita experiências sensoriais um tanto fortes para uma quarta-feira à noite. ;-)

E não poderia nunca ser uma mensagem óbvia. Vai além da epidemia física, de uma limitação do corpo, e toca simbolicamente naquilo que não gostamos de discutir muito em nossas vidas: a cegueira da alma. Mas para quem anda buscando respostas para tantas coisas como eu, é impossível não se confrontar com essas reflexões.

Vivemos hoje tão imersos em nossa rotina mecânica, em nossos relacionamentos superficiais, em nossa função de espectadores da vida alheia, que quando nos deparamos com uma limitação, seja física ou emocional, nos vemos perdidos. É como se as luzes (conceitos, posturas, valores) que nos guiavam até então fossem apagadas. Com isso vem o desespero, o desalento, a raiva pela incapacidade de enxergar o que antes era normal em nossas vidas.

Lamentamos perder as referências como se não pudéssemos criar outras novas. Apenas o tempo nos traz a compreensão de que a limitação dá lugar à perspectiva de viver de uma forma diferente - cego para o que éramos, mas fortes para o que nos tornamos e para os desafios que se anunciam, quando o que era antes a nossa vida passa apenas como flashes em nossa memória.

O que mais me angustiava no filme não era nem as pessoas que tinham perdido a visão, mas a única personagem que permaneceu incólume (Julianne Moore). Ela, sim, era para mim a mais desafortunada. Era porque depois que o filme acabou, percebi que a sua dor em enxergar e ter de carregar a dor de todos os outros em suas costas era uma benção. Mas ela carregava a sua cruz porque ao mesmo tempo que não tinha qualquer limitação em seu corpo, tinha a limitação da convivência social. Tinha perdido as suas referências da mesma forma que os seus colegas infectados.

Até aquele que consegue enxergar com clareza uma situação, em algum momento perde a força diante da cegueira alheia. Sente-se castigado pela plenitude dos seus sentidos. Da mesma forma, vem a raiva e o desalento, porque já não faz mais parte do resto. E já não adianta tentar parecer igual, porque a solidão chega implacável. Mas como tudo que o tempo toca, isso também passa, porque chega a compreensão de que enxergar em meio a cegos é uma missão. E aí a vida retoma o seu sentido.

O final do filme é poético e me fez chorar. Não vou contar aqui para não estragar prazeres. Só adianto uma coisa: para os que vivenciarem as mesmas sensações que eu senti hoje à noite, é impossível não fechar os olhos e agradecer a Deus por não sermos cegos, nem dos olhos, tampouco da alma.

;-)

P.S - Julianne Moore está perfeita, mas Gael e Ruffalo "enchem os olhos" de qualquer telespectadora. kkkkkkk

Dois Olhos Negros



Dois olhos negros como os meus.
Lenine com participação de Igor Cavallera.

À grande amiga



Eu pensei em escrever este post em versos, mas depois me veio a idéia de fazê-lo em prosa mesmo. Cada vez mais eu percebo que as pessoas que passam por nossa vida trazem consigo a sua importância. Não falo da importância de serem quem são, mas do que podem acrescentar na vida de outra pessoa.

Algumas passam muito rápido e não marcam tanto. Outras demoram, deixam lições, mas se vão. E há aquelas que sempre estão lá, mais perto ou mais distante, como que colocadas por anjos para que interfiram em nosso caminho.

E essa moça é uma delas. De uma primeira sensação de medo foi nascendo uma amizade. E lá se vão quase 10 anos de uma relação que teve seus altos e baixos, mas que sempre esteve presente. Encontros e desencontros que modificaram as nossas vidas, principalmente a minha.

E agora eu me dirijo a ela, que sei que é uma leitora assídua deste meu blog:

Elô
em minha vida sempre foste um elo. Um farol que iluminava meus descaminhos
sempre presente, sempre insistente em acreditar que eu poderia ser muito mais do que eu fui, do que eu sou, do que eu serei. Não me poupaste palavras e nem atitudes para desfazer meus projetos e me trazer de volta para esta cidade, para a realidade da qual insisto em escapar às vezes. Relutando encontrei o meu lugar, a mesma estrada que percorri na mão contrária achando que o mundo me reservava muito mais. Tola...

E fico feliz de agora poder ter você ao meu lado como amiga, como colega de trabalho, como irmã. O tempo nos atravessa e nos faz mais fortes. E eu te admiro muito independente do que você está hoje, porque eu te conheço. Eu sei quem você é fora das representações sociais. E sempre que eu te procuro eu vejo alguém que ilumina com sua força e sua autenticidade. E nesses momentos eu me desarmo, sou eu como sou hoje: fraca, insegura, confusa. Como sempre fui, talvez. Mas quando você me olha e me lança suas frases, duras ou esperançosas, me visto de coragem para continuar seguindo.

Você já sabe disso, mas não custa repetir: estou do seu lado, sempre, seja para acertar, errar, crescer, chorar, rir... e eu te desejo sempre muita LUZ, PAZ e AMOR. É só disso que precisamos. Nada mais.

À nossa vitória diante das "mazelas da vida". "Tá certo já"!

kkkkkkkkkkkkkk

Que venha o dia 02 de janeiro!!!

Postado em 12/10/2008

Passagem das Horas



[postado em 06/10/2008]

Hoje não escreverei sobre mim porque meu corpo está cansado e não acompanha as mensagens turbulentas da minha alma. Deixe que ela grite. Eu hoje não quero ouvi-la. Então, tomo como minhas as palavras de Pessoa, em Álvaro de Campos, para expressar o que estou sentindo. Tomo como minha a foto acima, do meu caro Mingas (que me concedeu, tá?), que é um artista com as imagens. Confiram no flog Prosopopéia (fiz a propaganda... hehehe - uma mão lava a outra :-P). Esta imagem retrata a passagem das horas em um lugar que remete ao passado, onde o tempo não passa mesmo que as horas insistam. E ela é mais especial ainda para mim por ser o retrato de um cenário que fez parte de minha vida durante algum tempo: Portugal. Enfim, com poema e imagem portugueses, inicio a minha semana com um passeio pelo que estava guardado em mim.

"Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero...

(...)

Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.

(...)

Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consangüinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contatos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz.

Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.

(...)

Acenderam as luzes, cai a noite, a vida substitui-se.
Seja de que maneira for, é preciso continuar a viver.
Arde-me a alma como se fosse uma mão, fisicamente.
Estou no caminho de todos e esbarram comigo.
Minha quinta na província,
Haver menos que um comboio, uma diligência e a decisão de partir entre mim e ti.
Assim fico, fico... Eu sou o que sempre quer partir,
E fica sempre, fica sempre, fica sempre,
Até à morte fica, mesmo que parta, fica, fica, fica...

(...)

Vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo,
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco - não sei qual - e eu sofri.
Vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos,
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda gente,
Mas para toda a gente isso foi normal e instintivo,
E para mim foi sempre a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.

(...)

A direção constantemente abandonada do nosso destino,
A nossa incerteza pagã sem alegria,
A nossa fraqueza cristã sem fé,
O nosso budismo inerte, sem amor pelas coisas nem êxtases,
A nossa febre, a nossa palidez, a nossa impaciência de fracos,
A nossa vida, o mãe, a nossa perdida vida...

(...)

Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo..."

Trechos de "Passagem das Horas" - Álvaro de Campos

While my eyes



Adoro! Cibelle & Devendra Banhart - London, London.
Álbum: The Shine Of Dried Electric Leaves.

Mais um domingo

[Lendo Shakespeare e ouvindo bossa nova, a surtação sempre vem...]

A forma como o tempo propõe a resolução das coisas me dá preguiça. Bocejo. Raiva também me dá por essa vida arrastada a cada minuto, ansiosa, medíocre. O pior é quando temos consciência de que o tempo se move lento, dolorosamente sábio, e ainda assim acreditamos que o melhor é esperar. O que é o melhor¿ Eu não posso e nem quero esperar. Até posso, mas não deveria. Amanhã posso estar morta, um pedaço de carne e osso com os sonhos guardados para uma nova vida. E então, o tempo renova-se, retrocede-me aos primeiros choros,e apaga todos os outros que me fizeram o que sou.

E o meu eu-posterior-a-mim já pode não ter interesse pelas mesmas coisas, sonhar os mesmos sonhos, cantar as mesmas músicas. Não, não é que não pode, ele não vai mesmo. O meu eu-posterior pode nascer em um país muito pobre na África e não levar poesia porque já não lhe importam as palavras quando o estômago ronca e as pernas afinam. Posso ainda nascer na Suécia e me calar diante de um samba porque o significado já não existe sem um dicionário. Odeio dicionários. Ou as palavras encaixam em mim ou não.

Posso ainda nascer bicho, e talvez seja essa a melhor opção. Saciar minhas necessidades com o instinto, sem samba ou palavras. Ser como os meus felinos, felizes, alimentados, amados pela parte menos egoísta do meu coração. Esquecer vaidades, menosprezar posses, ignorar conhecimento. Viver apenas o dia de hoje do mesmo jeito que eu vivi ontem, e não projetar um futuro.

Mas enquanto não nasço africana, sueca ou bicho, fico com as minhas inquietações, minhas palavras, meus choros, minha fome, minhas vaidades, posses, dicionários, meu passado, meu presente, meu futuro. Resigno-me ao tempo, senhor de todos nós, pois já não adianta lutar. E ainda que adiantasse, tenho preguiça. E assim, espero mais um domingo.

“O resto é silêncio” (William Shakespeare).

[Foto: eu não sei quando e não sei onde. Fotógrafo: meu papi - preciso dar o crédito antes que ele cobre! :-P]

Postado em 21/09/2008

Novo... ou de volta?

Esse blog já existia, mas como eu tinha criado ele com outra proposta, resolvi manter as minhas atualizações no Simples Mortais Escrotos. Enfim, estou voltando para ele porque aqui posso personalizar e o UOL não me dá isso lá.

Estou tendo um trabalhão para migrar tudo, e por isso não migrarei todos os posts. O meu velho e limitado blog continuará lá, e aos poucos este aqui vai tomando corpo. Por enquanto, acho que vou dar uma parada de colocar novos posts porque senão vai confundir essa minha cabecinha aqui. Vamos ver se até o final da semana consigo migrar tudo.

Noite




Não quero mais viver as coisas tristes. Meu corpo já não esboça qualquer reação. Dormente. Meus olhos perfuram as imagens. Lânguidos. Por que tenho eu de sentir culpa? Quero apenas ouvir o violino que toca em meu computador e o vento que entra pela janela.

Por que o tempo não passa¿ Ah, ele passa. Passa.

Não quero mais ser o que eu estava sendo. O ato de representar cansa. E o fato de eu me cansar já não é mais acolhedor. Quero o que eu tive ontem. O passado de 24 horas, o dia de gargalhadas e surpresas. Se o tempo passar do meu lado, terei hoje e amanhã.

Quero viver de poesia, de comunicação, de tarô. Meus, dos outros, nossos. Eu fecho os olhos e o mundo é mais belo dentro de mim. Há um silêncio, paz esfomeada - uma luz azul.

Talvez azul escuro, porque eu me sinto noite... vivendo sob o feitiço de Áquila. Carrego apenas a dimensão das possibilidades. Os sonhos. Mas junto com os sonhos, vem a saudade. A saudade do que ainda não vivi.



“O mais triste de um passarinho engaiolado
é que ele se sente bem”. (Mário Quintana)



Kadydja Albuquerque > 17/09/2008